O Rio Grande do Sul está vivendo a maior tragédia climática de sua história. Em pouco mais de uma semana, mais de 400 municípios gaúchos tiveram bairros inteiros devastados pela chuva. Há pelo menos 143 mortos e mais de 500 mil pessoas desabrigadas.
Por conta da situação de calamidade que atinge o Estado, os três clubes gaúchos que disputam a Série A do Brasileirão, Grêmio, Inter e Juventude, solicitaram à CBF a paralisação da competição por tempo indeterminado. O Ministério do Esporte fez a mesma solicitação, endossada pela maior parte da mídia esportiva.
É evidente que existe um prejuízo esportivo enorme aos gaúchos, uma vez que não estão apenas impossibilitados de jogar, como também de treinar, já que seus estádios e centros de treinamento estão alagados. Há jogadores na linha de frente para socorrer as vítimas das enchentes e que possuem familiares afetados. Não há a menor possibilidade da realização de qualquer atividade no momento.
Mas será que a paralisação do campeonato é a melhor maneira de ajudar as vítimas desta tragédia? Vale sopesar que, se isso ocorrer, haverá prejuízo financeiro a todos os times, pois deixarão de aferir inúmeras receitas, como já vimos acontecer com a paralisação pela pandemia da Covid-19, que era inevitável, por ser uma questão de saúde pública.
Contudo, dessa vez, a continuidade do campeonato parece ser a melhor alternativa, pois diversas providências podem ser tomadas no intuito de ajudar as vítimas, de forma concreta, como a doação da renda dos jogos, como fez o Palmeiras contra o Athlético, neste último domingo (12). Se todos os clubes fizessem o mesmo, milhões de reais seriam arrecadados.
O prejuízo esportivo para Grêmio, Inter e Juventude, infelizmente, é inevitável, pois a reconstrução do Rio Grande do Sul não será simples e demandará algum tempo. No entanto, nesse período, o futebol pode promover ações para proporcionar às vítimas o acesso ao que elas mais precisam nesse exato momento, como alimentos, medicamentos e itens de higiene.
Outras medidas, no âmbito esportivo, também podem ser adotadas, como o adiamento de jogos – o que já está sendo feito – e a impossibilidade de rebaixamento dos clubes gaúchos.
Antes de parar o campeonato por tempo indeterminado, devemos primeiro pensar nas verdadeiras vítimas desta terrível tragédia e nos questionar se a simples suspensão de jogos de futebol valeria mais do que ações humanitárias que podem realmente ajudá-las no momento mais difícil de suas vidas.