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“As noites frias não podem ser sinônimo de abandono”, diz secretária sobre acolhimento a pessoas em situação de rua

Israel Moreira
Israel Moreira
Israel Moreira é jornalista com passagens pelo Correio Popular, Rádio Central e Jovem Pan News.
"Respeitar a autonomia de quem está nas ruas não é só uma escolha ética — é um dever constitucional", afirma a secretária de Assistência e Desenvolvimento Social de Campinas, Vandecléia Moro. Foto: Divulgação

Com a chegada de uma intensa frente fria entre os dias 28 e 30 de maio, a Prefeitura de Campinas reforçou as ações da Operação Inverno para ampliar a proteção às pessoas em situação de rua. Em entrevista exclusiva ao THMais, a secretária de Desenvolvimento e Assistência Social, Vandecléia Moro, explicou as estratégias emergenciais, como o aumento de vagas em abrigos, o reforço nas rondas do Serviço de Abordagem Social e a possível reabertura de um espaço com 60 lugares. “Nosso foco é garantir acolhimento com dignidade, respeitando a autonomia de cada cidadão”, afirmou.

Criada para enfrentar os impactos do frio sobre pessoas em situação de vulnerabilidade, a Operação Inverno é realizada anualmente pela Prefeitura entre maio e setembro, com ações emergenciais de acolhimento, entrega de insumos e articulação com a rede socioassistencial. Em 2025, a intensificação das medidas ocorre após alerta do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), que indicou risco elevado de hipotermia em diversas regiões do país.

Segundo Vandecléia Moro, a resposta da cidade à massa de ar polar começou com a ampliação imediata da rede de acolhimento. “Foram disponibilizadas 20 vagas extras em abrigos parceiros, com envio de colchões e cobertores. Houve reforço no atendimento nos espaços do Samim e do Abrigo Santa Dulce dos Pobres, especialmente nas áreas centrais, onde a concentração de pessoas em situação de rua é maior”, explicou.

Além da ampliação da estrutura, o Serviço de Abordagem Social (SOS) passou a operar com cobertura territorial ampliada, inclusive em horários noturnos. “Até o dia 28 de maio, já havíamos distribuído 2.824 cobertores — 1.007 deles apenas na última semana, o maior número desde o início da operação”, destacou a secretária. O Samim segue como principal ponto de acolhimento, concentrando atendimentos e encaminhamentos para a rede socioassistencial.

Entre as medidas previstas, está também a possibilidade de reabrir o espaço anexo à antiga Casa da Cidadania, com capacidade para 60 pessoas por noite. “Estamos avaliando a reativação desse local caso as temperaturas continuem baixas. Ele se integraria à rede emergencial como mais uma frente de acolhimento seguro e digno”, detalhou Vandecléia.

Nos abrigos mantidos ou conveniados pela Prefeitura, o atendimento vai além de um local para dormir. “Tanto o Samim quanto o Abrigo Santa Dulce oferecem alimentação, higiene, suporte psicológico e encaminhamentos sociais. A proposta é promover acolhimento com foco na inclusão e na autonomia dos acolhidos”, afirmou a gestora.

Outro ponto de apoio importante é o Centro POP (CPOP), que atua como referência no atendimento especializado à população em situação de rua. Durante a Operação Inverno, o CPOP oferece triagem, orientações e atendimentos emergenciais. “Além das ações pontuais, o centro mantém projetos permanentes de reinserção social, com oficinas de capacitação, atendimentos individualizados, orientação jurídica e acesso a benefícios sociais”, reforçou a secretária.

“Respeitar a autonomia de quem está nas ruas não é só uma escolha ética — é um dever constitucional. Estamos aqui para proteger vidas, não para impor decisões.”
Vandecléia Moro, secretária de Desenvolvimento e Assistência Social de Campinas

A recusa ao acolhimento institucional, comum entre parte da população de rua, é tratada com escuta e respeito. “Mais que um princípio ético, respeitar a autonomia das pessoas é também um princípio constitucional, garantido pela dignidade da pessoa humana. Intensificamos a entrega de insumos e mantemos uma abordagem pautada na construção de vínculos. Nosso objetivo é garantir o mínimo de proteção, sempre oferecendo alternativas seguras”, afirmou.

A Operação Inverno seguirá até 30 de setembro, com ajustes conforme as condições climáticas. A secretária reforça que o cuidado com a vida deve ser prioridade de toda a sociedade.

Como ajudar:
A população pode colaborar com a Operação Inverno doando cobertores e agasalhos. As doações podem ser entregues em qualquer unidade dos CRAS (Centros de Referência de Assistência Social) da cidade ou em pontos definidos pela Prefeitura.

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