A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) apresentou, nesta sexta-feira (7), uma denúncia formal à Conmebol solicitando a exclusão do Cerro Porteño, do Paraguai, da Libertadores Sub-20. O pedido foi motivado por atos racistas cometidos por torcedores do clube paraguaio contra os jogadores Luighi e Figueiredo, do Palmeiras, durante partida disputada na última quinta-feira (6). No documento de 29 páginas, elaborado pelas Diretorias Jurídica e de Governança e Conformidade, a CBF exige tolerância zero contra atos discriminatórios e reforça a necessidade de punições esportivas severas.
Durante o jogo, torcedores do Cerro Porteño imitaram sons de macaco e cuspiram na direção dos atletas brasileiros. O Palmeiras venceu o confronto por 3 a 0, mas as manifestações racistas marcaram a partida. Abalado, Luighi deixou o campo chorando e desabafou em entrevista após o jogo. A CBF argumenta que o protocolo global da FIFA contra racismo não foi seguido pela arbitragem e cobra medidas efetivas da Conmebol.
O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, reforçou a necessidade de punições exemplares: “O que esperamos da Conmebol é rigor. Basta de racismo e de multas que não levam a nada. Queremos punições esportivas”. A entidade ressalta que o racismo fere a dignidade, a integridade e os princípios fundamentais do esporte, exigindo respostas que impactem diretamente os responsáveis.
Exigência de mudanças e críticas à impunidade
Na denúncia, a CBF destaca o histórico de impunidade do futebol sul-americano em relação a atos racistas e aponta que as sanções aplicadas até o momento são ineficazes para coibir novas ocorrências. “A esmagadora maioria das vítimas advém do solo brasileiro”, reforça o documento enviado à Conmebol. Além disso, cópias da denúncia foram encaminhadas para os presidentes da FIFA, Gianni Infantino, e da Conmebol, Alejandro Domínguez.
A CBF tem adotado uma postura firme contra o racismo, sendo a primeira confederação a implementar punições esportivas em seu Regulamento Geral de Competições. Na quinta-feira (6), Ednaldo Rodrigues já havia manifestado solidariedade aos jogadores do Palmeiras e reiterado que cobraria sanções rigorosas pelos atos discriminatórios.
“É chocante assistir cenas como essas. Racismo é crime e deve ser combatido por todos. Sei do tamanho da dor sofrida pelo Luighi. Basta de racistas no futebol. A CBF vai representar na Conmebol pedindo punições enérgicas”, declarou Rodrigues. Primeiro presidente negro e nordestino da CBF, ele tem liderado o fortalecimento do combate ao racismo no futebol brasileiro e internacional.
A CBF segue acompanhando o caso e cobrando providências para que o combate ao racismo no futebol deixe de ser apenas um discurso e se torne uma realidade concreta.



