Elias Aredes: a história ensina, mas o Guarani não quer aprender

Thomaz Marostegan
Thomaz Marostegan

Você já se deparou com pessoas teimosas? Gente que observa a receita de sucesso e por puro capricho se recusa a adotá-la? Que fazem cara de paisagem quando o seu plano dá errado? Vou abraçar esta teoria para descrever a situação atual do Guarani, que ficou o final de semana sem técnico.

O Conselho de Administração decidiu demitir Claudinei Oliveira no sábado à tarde. Por enquanto, ninguém está contratado. Talvez quando você ler este texto algum homem de agasalho verde estará à beira do gramado com a responsabilidade de conduzir um treinamento no Brinco de Ouro. O próximo técnico vai dar certo? Vai dar errado? Será um fracasso? Não sei. Não tenho bola de cristal. Só posso cravar aquilo que dá certo no Guarani. E vou utilizar sua própria história para explicar a tese.

Carlos Alberto Silva é o maior técnico da história do Guarani. Campeão Brasileiro de 1978. O que ele tinha antes de pisar em Campinas? Uma passagem pela Ferroviária, trabalhos em equipes de pequeno porte e nada que gerasse interesse no mercado de elite. Veio com sede de vencer. Virou realidade. Três anos depois, o Guarani foi campeão da Taça de Prata com Zé Duarte no comando. Um novato? Nada disso. O noviciado foi substituído por uma história intimamente ligada ao clube, sendo que ficou cinco temporadas seguidas no time profissional durante a década de 1970. Conhecia o Guarani na palma de sua mão. Foi por conhecer o clube que extraiu o máximo da dupla Careca e Jorge Mendonça e só não foi campeão brasileiro em 1982 porque cruzou com a máquina do Flamengo.

Vice-campeão brasileiro em 1986, Carlos Gainete foi contratado como treinador do Guarani em 1986 com uma trajetória restrita no banco de reservas. Tinha trabalhado apenas no Internacional e no Vitória-BA. O Guarani era sua chance inicial no principal mercado do país. Teve o auxílio do preparador físico Pedro Pires de Toledo, que respirava como poucos as ruas e avenidas de Campinas. Deu certo. Muito certo.

Quando Carbone viabilizou o acesso na Série A-2 em 2007, ele já era um cidadão campineiro, com família constituída e com duas passagens anteriores pelo alviverde. No ano seguinte, o vice-campeonato na Série C foi obtido com Luciano Dias, um ex-zagueiro do Grêmio de Felipe que tinha passagens por Tanabi, Esportivo, Rio Preto e Botafogo-SP. Ou seja, o Guarani era tipo um dilema: pegar ou largar. Pegou. E sua carreira deu um salto.

O vice-campeonato na Série B de 2009 e a medalha de prata na Série A-2 de 2011 têm um fator em comum: seus treinadores tinham ligação íntima com o Guarani. Oswaldo Alvarez, o Vadão, antes de ser treinador profissional, foi atleta nas categorias de base. Vilson Tadei, comandante no acesso regional, atuou com a camisa bugrina na década de 1980.

Quando Fernando Diniz aceitou a proposta do Athletico em 2018, o cargo foi entregue para Umberto Louzer, que atuou como volante no clube e iniciou sua trajetória como auxiliar técnico. Foi campeão da Série A-2. Em 2019, o Guarani estava virtualmente rebaixado na Série B. O ato de desespero foi depositar a esperança em Thiago Carpini, atleta do clube entre os anos de 2014 a 2016 com 58 jogos. Livrou o time da degola.

A história comprova: técnico para ter sucesso no Guarani, invariavelmente, precisa ter ligação com o clube ou ser um profissional em início de carreira e com sede de vencer.
Pergunta: se isto encontra-se tão escancarado porque os dirigentes insistem em inventar a roda? Vai entender. 

As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do THMais Campinas

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