Estudo aponta que mais de 90% das crianças brasileiras de 2 a 5 anos se alimentam de ultraprocessados como biscoitos e achocolatados

Além disso, quase um terço dessas crianças não consome frutas e hortaliças, o que preocupa especialistas quanto ao impacto na saúde a longo prazo

Israel Moreira
Israel Moreira
Israel Moreira é jornalista com passagens pelo Correio Popular, Rádio Central e Jovem Pan.
90% das crianças brasileiras de 2 a 5 anos se alimentam de ultraprocessados como biscoitos e achocolatados
Foto: Agência Brasil

Além disso, quase um terço dessas crianças não consome frutas e hortaliças, o que preocupa especialistas quanto ao impacto na saúde a longo prazo

Um estudo divulgado nesta segunda-feira (1) aponta que mais de 90% das crianças brasileiras de 2 a 5 anos consomem regularmente alimentos ultraprocessados, como biscoitos e achocolatados. Esses produtos, são ricos em açúcares e gorduras saturadas, e apontados como responsáveis pelo aumento do risco de obesidade e doenças crônicas na infância. Além disso, quase um terço dessas crianças não consome frutas e hortaliças, o que preocupa especialistas quanto ao impacto na saúde a longo prazo.

Os dados divulgados são do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani-2019).  

O Enani-2019 revelou que os produtos alimentares ultraprocessados contém alta concentração de substâncias industriais nocivas para a saúde e que não costumam estar presentes em refeições de preparo caseiro, como saborizantes, emulsificantes e corantes.

“Foi uma pesquisa encomendada e financiada pelo Ministério da Saúde para conhecer o estado nutricional das crianças menores de cinco anos. A pesquisa teve três objetivos principais: conhecer as práticas de aleitamento materno e consumo alimentar; o estado nutricional (por meio de peso e altura); conhecer as deficiências de vitaminas e minerais por meio de exames de sangue”, analisou a pesquisadora e professora da UFRJ, Elisa Lacerda.

A professora apontou que na pesquisa foram avaliadas mais de 14 mil crianças de 123 municípios. Os entrevistadores visitavam as casas dessas famílias e toda a coleta dos dados era realizada nos próprios domicílios. O novo estudo, que será realizado em 2024, também será domiciliar, porém serão incluídas crianças de 6 anos. Serão feitos exames de sangue nas mães biológicas e serão adicionados mais fatores como: doenças maternas e atividades físicas.

“Uma das perguntas feitas aos pais ou outros cuidadores da criança era sobre tudo o que ela comeu no dia anterior. Desde a primeira até a última refeição do dia. Uma das análises que fazemos em relação ao consumo, é calcular quanto de energia a criança consome durante o dia e o tipo de alimentos que foram consumidos. Desta forma, medimos o percentual de energia que vem de cada grupo de alimento, entre eles os ultraprocessados”, constatou a pesquisadora.

“Ainda não fizemos uma análise aprofundada sobre quais fatores geram este consumo tão alto, mas conseguimos mapear que, por exemplo, para crianças na faixa etária de 2 a 5 anos, o percentual de energia vinda de alimentos ultraprocessados foi maior na região Nordeste”, diz Elisa.

De acordo com o estudo, 24,7% da energia destas crianças vinha dos alimentos ultraprocessados e, destacando as crianças de 2 a 5 anos, o valor é maior ainda, chegando a 30%. 
Segundo Elisa, estes são valores extremamente altos. São alimentos que hoje sabemos serem causadores de diversos danos à saúde. Esta categoria de alimentos inclui: biscoitos, achocolatados, macarrão instantâneo, etc.

A nova versão do Enani já se encontra em andamento. Ainda receberão os inquéritos os estados do Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Roraima.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro é a responsável por coordenar as atividades de pesquisa em conjunto com as universidades do Estado do Rio de Janeiro, Federal do Pará, e as federais do Paraná e de Goiás. Além da parceria com outras instituições públicas de todo o país.

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