No emaranhado de nomes que apareceram nos últimos anos na política da Ponte Preta, poucos ouviram falar de Paulo Destro. Engenheiro tem a meticulosidade como característica principal. É atento aos detalhes. Gosta da formatação dos projetos desde o início e da participação coletiva. Destro foi um dos articuladores que viabilizou a junção de vários grupos políticos que formataram o MRP. Queria uma Ponte Preta diferente. Moderna. Que projetasse o futuro para um período de 10 a 20 anos.
Em carta aberta divulgada na tarde desta sexta-feira, dia 27 de outubro, Paulo Destro anunciou sua retirada da vida política pontepretana. Uma carta pessoal e sem qualquer vínculo com o MRP, que ainda não se pronunciou. Mas deveria. Confira o texto abaixo, de autoria de Paulo Destro.
Confira a nota na íntegra
Eu, Paulo Destro, Conselheiro Titular Eleito na chapa MRP nas eleições de 2021 para o quadriênio 2022 a 2025 – chapa essa vencedora, que teve o apoio irrestrito do grupo Tudo pela Ponte, Nada da Ponte (TPPNP) e também de muitos amigos Conselheiros (Eleitos, Contribuintes e Natos) -, venho por meio desta comunicar que, em virtude da não possibilidade da implantação por parte da Diretoria Executiva atual do projeto de remodelação no formato de gestão profissional administrativa elaborada, apresentada e proposta à todos pontepretanos na época da eleição, DESVINCULO meu nome de qualquer ala política existente no clube.
Entendo as dificuldades encontradas nesse período, como bloqueio de contas do clube desde o primeiro mês da gestão atual – com qual interesse? -, ações trabalhistas e cíveis de gestões passadas e impetradas diariamente contra o clube. Tudo isso e outras muitas dificuldades atrapalharam o planejamento proposto inicialmente.
Independente de todas dificuldades encontradas e expostas acima, durante esses 22 meses, acreditei que o projeto apresentado poderia ter sido minimamente iniciado e implantado, de forma gradativa e estratégica, com base nas condições permitidas.
Como isso não ocorreu, por dezenas de fatores, entendo que meu objetivo, desde 2016, de trabalhar por uma nova forma de gestão Profissional na Ponte Preta não faz mais sentido neste momento.
Reforço aqui minha intenção e apoio de buscar sempre o melhor para o clube, dentro de um Projeto de Gestão Profissional, modelo esse que está crescendo diariamente no futebol brasileiro, onde observo que não terá mais volta.
Meu muito obrigado à todos que acreditaram e acreditam nesse Modelo de Gestão.
Independente de você concordar ou não com a postura, atitude e as ideias de Paulo Destro, algo é inegável: isso só acontece porque a Ponte Preta está inserida em uma sociedade que valoriza e preza pela liberdade de expressão e a democracia.
É a democracia que espalha ideias. É a democracia que modifica conjunturas. É a democracia que permite que Paulo Destro se manifeste e que o DNA Pontepretano faça uma oposição vigorosa.
É a democracia responsável pelo crescimento e aprimoramento da Ponte Preta em 123 anos de existência. Uma democracia que abriu portas para que negros, operários, trabalhadores. Um lugar que abriga todos os nichos da sociedade encontra um lugar para fazer valer a sua voz. Que ecoa. E muda o tempo, os lugares e as pessoas. Na Ponte Preta não será diferente.
É com troca de ideias, mobilização e capacidade de assimilação que a democracia poderá ser a alavanca para tirar a Ponte Preta da crise e colocá-la no lugar que ela merece.
Celebre o craque. Reverencie o ídolo. Mas reconheça o valor de um ambiente livre e democrático. Sem ele, não existiria Ponte Preta. Sem democracia, a Ponte Preta morre. E isso ninguém quer.
