2º dia da Agrishow conta com divulgação de resultados do primeiro trimestre da ABIMAQ e o lançamento do Censo Agro 2026

De acordo com o documento, houve queda de 21,3% na receita líquida total nos primeiros três meses do ano, que somou R$ 56,6 bilhões no período

Agrishow 2024 | Foto: Rafael Batista

A ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) divulgou nesta terça-feira (30), durante a Agrishow, o resultado do setor no primeiro trimestre de 2024. Os dados fazem parte da pesquisa Indicadores Conjunturais da entidade. De acordo com o documento, houve queda de 21,3% na receita líquida total nos primeiros três meses do ano, que somou R$ 56,6 bilhões no período.

Dentre os segmentos, o pior desempenho foi no agrícola, indústria de transformação e infraestrutura e indústria de base. No mercado doméstico, o setor acumulou queda de forma geral de 21,9%, mas com estabilidade na receita de vendas de componentes para bens de capital e crescimento de máquinas para logística e construção civil.

A expectativa é de que ao longo do ano, esses setores e mais os de infraestrutura e a indústria de transformação registrem resultados melhores, contribuindo para aumento dos investimentos em 2024. “Fatores como eleições municipais, obras relacionadas ao PAC e políticas públicas recentemente anunciadas têm o potencial de direcionar o país a um novo ciclo de investimentos”, diz o documento.

De acordo com o presidente da CSMIA (Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas), Pedro Estevão Bastos de Oliveira, já era esperado um primeiro trimestre mais difícil em função do Plano Safra. “Hoje, há financiamentos com taxas de 15%, o que dificulta a vida do produtor, e o novo Plano Safra só entra em vigor em julho, mas temos feito nossas sugestões para ter um plano safra robusto”, diz.

Panorama das exportações e importações

O primeiro trimestre de 2024 também foi marcado por queda das exportações, com destaque para os setores de máquinas para agricultura, que viu o resultado encolher 23%, e máquinas para logística e construção civil, cuja retração foi de 15%. Juntos, esses dois segmentos representam mais de 40% do total exportado pela indústria brasileira de máquinas e equipamentos.

Em relação às importações, o mês de março registrou crescimento nas vendas. No mês de março, foram importados US$ 2,4 bilhões em máquinas e equipamentos, contra US$ 2,1 bi em fevereiro de 2024. No ano, as importações foram equivalentes a US$ 6,9 bilhões, um crescimento de 6,1% em relação ao primeiro trimestre de 2023.

“Essa conjuntura está ruim, mas estruturalmente, tanto o Ministério da Agricultura, quanto a Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO) e o FDA (Food and Drug Administration) dizem que o Brasil teria que aumentar de 25% a 30% as exportações de alimentos em dez anos e, para isso, teríamos que aumentar cerca de 25% a 30% a área plantada. Para isso, é necessário mais investimentos em máquinas”, finaliza.

IBGE discute Censo Agropecuário durante a Agrishow

O presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Marcio Pochmann, participou de uma reunião nesta terça-feira (30), na Agrishow, para falar sobre o Censo Agropecuário 2026. O último Censo foi divulgado em 2017, ocasião em que foram identificados cerca de 5,1 milhões de estabelecimentos que se adequavam às atividades agropecuária, florestal ou aquícolas.

Pela primeira vez na Agrishow, o IBGE busca firmar acordos de cooperação técnica para aprimorar a realização do Censo, colhendo melhor as estatísticas que possam retratar a realidade do campo. “Esse é o décimo segundo levantamento que estamos fazendo que compreende 100 anos de estatísticas sobre a agropecuária e as florestas brasileiras. O primeiro censo foi realizado em 1920”, explica Pochmann.

O presidente da Agrishow, João Marchesan, afirmou que “é importante termos essas informações do Censo que ainda será gerado para termos elementos e subsídios para a tomada de decisões”, conclui.

Preparação

Com o início da preparação prevista para janeiro de 2025, o IBGE está formando comitês técnicos consultivos com grupos de especialistas das áreas. “Vamos construir também um conselho de orientação. Seria importante contar com a presença de todos aqueles que atuam no complexo agropecuário do Brasil”, declara Pochmann.

Conforme dados da Nasa e compartilhados pelo IBGE, a produção mundial agrícola equivale a 1,9 bilhão de hectares. O Brasil ocupa o 5º lugar no mundo, com 3,4% desse montante, perdendo apenas para a Índia (9,6%), Estados Unidos (9%), China (8,8%) e Rússia (8,3%). Para o próximo Censo, a tecnologia pode ser uma grande aliada no processo de captação dos dados.

“Desejamos fazer um Censo não só presencial, mas que possa utilizar nova ferramenta pela internet, pela associação com outras instituições que possuem informações do mundo agrário e evite o retrabalho. Isso nos ajudaria muito a fazer um Censo mais rápido e ágil”, finaliza Pochmann.