Os casos de dengue em Ribeirão Preto dispararam em 2020. Este ano já registra mais casos que 2019 inteiro. Foram 14.421 diagnósticos durante todo o ano de 2019 e 17.525 de janeiro a setembro de 2020.
Enquanto os números crescem, a Vigilância Ambiental em Saúde enfrenta duas situações complicadas, a falta de equipe e o clima.
Segundo Maria Lucia Biagini, chefe da Vigilância Ambiental em Saúde, devido a pandemia a equipe está trabalhando com apenas 50% do seu contingente. “Desde março que estamos com número reduzido de funcionários porque eles são do grupo de risco. Metade do nosso contingente precisou parar o trabalho. Estamos operando com 50% do nosso contingente”, explica a gestora.
O calor intenso e a baixa umidade do ar nas últimas semanas também estão dificultando as ações de combate à dengue. Os arrastões de limpeza, que geralmente acontecem aos sábados, não estão acontecendo para proteger a saúde dos agentes e também por questões de logística de horário de trabalho. ”Este é um momento onde a gente já deveria estar fazendo arrastões para retirar materiais inservíveis de alguns bairros. Ocorre que devido este calor muito forte, a umidade relativa do ar quando dá 11 da manhã cai a nível de 20,19, 17% e nós somos obrigados a parar nosso serviço”, comenta Maria Lucia.
A chefe da Vigilância ainda explica que o horário de trabalho atrapalha um pouco o rendimento. Os funcionários iniciam a jornada às 8 horas, chegam a campo às 8h30 e precisam parar já às 11 horas. “Acaba não tendo efetividade”, garante. Segundo Maria Lucia, eles estão aguardando chover um pouco para melhorar a umidade e então retomar os arrastões.
Apesar das dificuldades do departamento, a chefe da Vigilância Ambiental em Saúde divide a responsabilidade do aumento de casos de dengue com a população. “Nós estamos em uma seca danada e a gente chega no bairro para trabalhar e nossa equipe encontra 70 focos. Isto é um absurdo”, indigna-se Maria Lucia. Ela ainda afirma que é preciso mais consciência da população, que não deve esperar tudo do poder público. “Infelizmente uma parcela significativa da população não consegue compreender ou não tem consciência da parte dela, do que tem que fazer”, complementa.
A primavera é a estação ideal para realizar a limpeza em terrenos e em quintais e assim evitar os focos de reprodução do mosquito Aedes Aegypti, transmissor de doenças como a dengue. Realizando a limpeza e manutenção dos criadouros, evita-se a proliferação da dengue no período mais chuvoso. “Nossa preocupação é quando começar a chuva, vai virar uma pipoca na panela”, afirma a chefe da Vigilância.
Neste ano, a dengue já matou 5 pessoas e o município tem nove mortes sendo investigadas.
Programa Alto Astral
Maria Lucia Biagini, chefe da Vigilância Ambiental em Saúde, participou do programa Alto Astral da última terça (13). Ela admitiu dificuldades no departamento mas também responsabilizou a população pelo aumento dos casos de dengue.
Acompanhe abaixo alguns trechos da entrevista para a apresentadora Patrícia Penteado.