De cada dez bares em Ribeirão, seis vão fechar nos próximos dois meses, diz pesquisa

Inadimplência pode atingir toda cadeia do negócio; empresários planejam demissões

0
Foto: Arquivo

Uma pesquisa realizada pela Abrasel Alta Mogiana (Associação de Bares e Restaurantes de Ribeirão Preto e Região) aponta para um colapso do setor. Segundo a entidade, 62% dos bares de Ribeirão Preto devem fechar suas portas definitivamente nos próximos dois meses e 17% encerrará o funcionamento nos próximos dias, se a abertura ao público continuar impedida.

Renato Munhoz, presidente da Associação, assevera que o setor está sendo penalizado por uma situação que eles mesmos ajudaram a controlar – o aumento dos números da Covid-19 na cidade. Vale lembrar que, de acordo com as regras do Plano São Paulo, bares e restaurantes não podem abrir aos finais de semana e nem depois das 20h durante a semana.

“Quando se vai a um restaurante, as pessoas se sentam distantes umas das outras, elas têm a temperatura tomada, elas têm álcool em gel. Há uma limpeza constante de todos os equipamentos”, afirma Munhoz.

Ele ressalta que o setor está pagando uma conta que deve ser debitada do período eleitoral e das festas clandestinas que se organizam, principalmente, pela falta de lazer da população. “Os bares e restaurantes estão seguindo todos os protocolos de segurança e, por isso, não são os causadores da maior incidência da doença, pelo contrário, ajudamos a controlar”, destaca.

Dados

O levantamento da Abrasel também mostra números do endividamento dos empresários do setor. Mais de 80% dessas empresas, deixaram de pagar seus impostos de 2020, para conseguir honrar a folha de pagamento dos funcionários e, 47% estão sem pagar os fornecedores.

Quase 100% desses estabelecimentos têm planos de dispensar pelo menos 10% do quadro de funcionários – 25% devem demitir um quarto dos servidores e 21% pretende diminuir em até a metade a quantidade de seus colaboradores. “Estamos segurando nas costas um setor que está em declínio e que pode transformar-se em uma terra arrasada em poucas semanas, se nada for feito”, reclama Munhoz.

De acordo com a associação, não há ajuda do Governo e a maioria das e empresas ainda segue atrelada ao plano de evitar demissões, lançado no começo da pandemia, que impede a deposição de funcionários afastados pelo acordo com o Governo Federal. Os empresários reclamam que não houve planejamento do Governo nem em relação ao comércio nem a respeito do atendimento à saúde, já que boa parte dos leitos para atendimento à covid-19 foram desativados na cidade.

Quebradeira

De acordo com a pesquisa, 58,3% dos bares e restaurantes da cidade não obtiveram lucro nenhum em 2020 e não sabem como vão fazer para pagar as contas. “Ninguém pensou na bomba relógio que estava preparada com a segunda onda do novo Coronavírus, executaram medidas paliativas e depois trataram se de preocupar só com as eleições, e o comércio em geral, ficou com a conta na mão”, desabafa Munhoz.

A associação prepara documentos que pretendem provocar o Ministério Público estadual a investigar a responsabilidade pela redução de leitos para atendimento à Covid-19 na cidade