Em 8 de março, celebra-se o Dia Internacional da Mulher. Entre tantos temas relevantes a serem abordados dentro do contexto da data, o cuidado com a saúde feminina merece destaque.
O câncer de mama continua sendo o tipo de tumor mais prevalente entre as mulheres do Brasil e do mundo. No entanto, existem outras neoplasias que as afetam, como os tumores ginecológicos, que também demandam atenção.
Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), estão previstos 704 mil novos casos de neoplasias por ano no Brasil e, desse total, mais de 32 mil são tumores ginecológicos.
O mais prevalente é o de colo de útero. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, ele é o terceiro mais incidente entre as mulheres, com 17 mil novos casos no país, sendo 2.550 casos somente no estado de São Paulo.
“Cerca de 90% dos casos estão relacionados à infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV). A vacinação é a proteção mais eficaz contra o contágio e está disponível no sistema público de saúde para meninos e meninas, com idade entre 9 e 14 anos”, orienta Dr. Diocésio Andrade, oncologista da Oncoclínicas Ribeirão Preto e membro fundador do EVA – Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos.
Câncer de Endométrio
Outro tipo de tumor ginecológico é o câncer de endométrio, responsável por mais de 7 mil novos casos no país, acometendo, na sua maioria, mulheres acima de 50 anos, sendo raros os casos com menos de 40 anos. Esse foi o diagnóstico que a técnica em nutrição Renizia Miranda Silva, de 56 anos, recebeu no final de 2022.
“Estava em uma consulta de rotina com a minha médica para conversar sobre reposição hormonal. Ela me solicitou alguns exames e, quando os resultados voltaram, foi constatado um espessamento do endométrio. Fui encaminhada para outro especialista, para investigação. Ele solicitou uma biópsia, que veio positiva para adenocarcinoma endometrioide do endométrio. Sempre fiz atividades físicas e tenho uma alimentação saudável. Costumo ler bastante e me mantenho informada sobre como evitar vários tipos de doenças. Mesmo assim, ao receber o diagnóstico, senti como se fosse uma sentença de morte”, confessa.
O medo e a ansiedade das primeiras semanas, aos poucos, deram espaço para a confiança. Renizia passou por uma cirurgia e tratamento com quimioterapia e radioterapia.
“A certeza de que você está sendo muito bem assistida, por especialistas, faz toda diferença no processo”, complementa. Hoje, ela segue em acompanhamento e comemora a ótima fase. “Me sinto ótima e acredito estar curada”, finaliza.
Segundo Diocésio Andrade, nesses casos, o sintoma clássico que leva à suspeita da neoplasia é o sangramento vaginal em mulheres que já haviam atingido a menopausa, assim como o aumento do volume abdominal, mudança do hábito urinário ou intestinal e dor abdominal ou pélvica.
Outros tumores ginecológicos
O câncer de ovário, com 7.310 novos casos anuais no Brasil, é o terceiro tumor ginecológico mais comum e é o que apresenta a menor taxa de sobrevivência entre os cânceres femininos. O histórico familiar deve sempre ser um sinal de alerta.
Tumores mais raros, os cânceres de vulva e vagina não possuem dados nacionais oficiais de novos casos/ano. Assim como o câncer do colo do útero, eles também possuem associação com a infecção pelo HPV como fator causal.
“Cada tipo de câncer tem as suas características, causas e particularidades e a condução do tratamento é feita de forma individualizada. No entanto, as orientações sobre o cuidado com a saúde feminina são as mesmas, com ênfase para o acompanhamento ginecológico regular e a manutenção dos exames de rotina em dia”, explica Dr. Diocésio Andrade.