Documentário de Ribeirão Preto é premiado em três categorias durante festival de cinema espanhol

Produção brasileira conta a história de madre Maurina, única freira presa e torturada durante a ditadura militar

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Foto: Reprodução/YouTube/KauzareFilmes

O documentário ‘Maurina, o outono que não acabou’, produzido em Ribeirão Preto, foi premiado em três categorias no Festival Cinema Independente de Sevilha, na Espanha, durante premiação realizada neste sábado (4).

A produção local foi reconhecida como melhor documentário de longa-metragem, melhor diretor de documentário de longa-metragem e melhor diretor estreante. A cerimônia de premiação está marcada para acontecer na quinta-feira (23). “Esse prêmio, mesmo sendo de direção, é para toda a equipe”, ressalta o diretor e roteirista, Gabriel Mendeleh.

Em relação à importância social da produção do documentário, Mendeleh afirma o reconhecimento do período histórico retratado, a fim de não repeti-lo. “A ditadura foi um momento muito sombrio da nossa história. A gente precisa conhecer mais sobre esse momento para entender as agruras que se passaram lá e porque a gente quer que a ditadura não volte nunca mais”, disse o cineasta, durante entrevista ao programa “Tha com Tudo”, nesta segunda-feira (6).

Além do festival na Espanha, o documentário concorre em outros festivais de cinema em Lisboa e nos Estados Unidos.

“A gente está muito feliz de ter conseguido levar um pouco da história de Ribeirão para tão longe, e é um pedacinho da história de Ribeirão que conta um pouco da história do Brasil. É uma parte muito importante”, concluiu Raíza Ferreira, produtora cultural e fotógrafa.

História

Diretora do Lar Santana durante o período ditatorial brasileiro, Maurina foi a única freira presa e torturada no governo militar. Em outubro de 1969, foi presa em frente ao orfanato para meninas, em Ribeirão Preto, sob suspeita de abrigar membros do grupo guerrilheiro Forças Armadas da Libertação Nacional (Faln), que ela havia pensado que faziam parte do Movimento Estudantil Jovem (MEJ).

Após longos meses de tortura, a freira, membro da Congregação das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição, passou pelo quartel de Ribeirão Preto, presídio em Cravinhos, Presídio Tiradentes e pela penitenciária feminina do Tremembé, onde soube de seu exílio forçado para o México, em 1970.

15 anos depois, em 1985, após o fim da ditadura, retorna ao Brasil. Sofrendo de Alzheimer, Madre Maurina morreu aos 84 anos, em 2011, em Araraquara.

Confira o trailer oficial do documentário abaixo: