É uma vergonha o que a gente recebe por uma responsabilidade tão grande, diz técnica de enfermagem do HC

Manifestação aconteceu na manhã desta quinta-feira (16); salário de técnico de enfermagem é de R$ 1,2 mil

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Manifestante mostra reprodução de holerite em protesto no HC - Foto: Desirée Teixeira

Profissionais de saúde ligados ao Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto realizaram, na manhã desta quinta-feira (16), um novo proposto por melhores salários e condições de trabalho. Dessa vez, a manifestação ocorreu na unidade do campus da USP (Universidade de São Paulo).

Pelo menos duas dezenas de trabalhadores participaram da manifestação. Todos usavam máscaras e portavam cartazes. “No HC, não tem reajuste há mais de dez anos. Nossas férias já foram adiadas três vezes. Além das condições ruins de trabalho que já vivenciamos no cotidiano, estamos trabalhando com pessoas exaustas, cansadas, sem condições de trabalho”, conta Camila Lopes, técnica de enfermagem que participou da manifestação

Outro dos problemas levantados pelos funcionários é o excesso de trabalho gerado pela superlotação do HC. Segundo dados desta quinta-feira, a taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é de 95,5% e, na enfermaria, de 49 internados para 50 leitos.

“Já faz muito tempo que temos defasagem de profissionais, precisando de reposição. Nessa fase, está piorando muito nessa época”, conta. “É uma vergonha o que a gente recebe por uma responsabilidade tão grande”, apontou a profissional, que mostrou um holerite onde mostra uma técnica de enfermagem com salário de R$ 1,4 mil.

Confira a entrevista de Camila á repórter Desirée Teixeira:

Homenagem

É o segundo protesto realizado por trabalhadores da saúde com vínculo com o HC. No primeiro, realizado em 8 de junho, a reunião ocorreu em frente do HC do Centro. Os profissionais também prestaram homenagem à técnica de enfermagem Luciana Santos, que morreu no domingo (12), aos 49 anos, vítima da covid-19.

Em nota, o HC informou que todos os trabalhadores recebem equipamentos de proteção dentro das normas estabelecidas pela Comissão de Infecção Hospitalar e pelo Serviço de Segurança e Medicina do Trabalho. A instituição não se manifestou sobre a questão salarial, já que os pagamentos são efetuados pelo governo do Estado.