Exclusivo | Pelo menos 654 ribeirão-pretanos perdem o emprego após isolamento social

Setor comercial já registrou mais de 4 mil acordos para suspensão de trabalho ou redução da jornada; especialista fala em década perdida

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Foto: Reprodução/Grupo Thathi de Comunicação

Levantamento feito pela reportagem do Grupo Thathi de Comunicação mostra que pelo menos 654 pessoas perderam o emprego na cidade desde que o isolamento social foi implementado pelo governo Duarte Nogueira (PSDB) como forma de impedir o avanço da pandemia de Covid-19. O número foi obtido com entidades patronais e pode ser ainda maior, segundo as próprias entidades.

Os dados mostram que 250 empregados domésticos, além de 300 trabalhadores do setor industrial e 104 funcionários do Regatas já perderam seus empregos.

No comércio, de acordo com o Sincomerciários, foram 4 mil acordos para modificação da forma de trabalho, sendo 2,8 mil suspensões de contrato e outras 1,2 mil reduções de jornada de trabalho. A Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto e o Sincovarp e CDL não forneceram dados sobre o assunto.

De acordo com o professor Adriel Branco, mestre em finanças pessoais, o impacto tende a ser ainda maior no futuro. “Temos um estudo que projeta a queda do Produto Interno Bruto em 5%. Será a maior queda da história”, disse. “Se essa previsão do Fundo Monetário Internacional de concretizar, iremos regredir dez anos na economia. Ribeirão certamente será afetado, e o maior reflexo é justamente na área do emprego”, conta.

Análise

Para Branco, a o problema tende a se agravar nos próximos meses. “Por enquanto, essas pessoas ainda irão receber o seguro desemprego. Mas, no futuro, a tendência é que essas pessoas não consigam vagas, o que deve gerar recessão. Ribeirão Preto é muito dependente do comércio, e as pequenas empresas, nesse caso, são as que mais contratas. E essas empresas sofrem mais que as outras, e tendem a demitir mais rápido”, comenta. “O efeito acaba sendo devastador. Poucas conseguem rodar mais que um ou dois meses”, finaliza.

Foi exatamente o que ocorreu com a comerciária Luana Moro. Ela era balconista de uma loja no comércio do Centro da cidade e, com as medidas de isolamento, teve o contrato de trabalho rescindido. “Éramos seis funcionárias, duas foram mandadas embora. Como eu era uma das mais novas, acabei sendo escolhida”, disse a jovem, de 25 anos.

O empresário Raul Prado, 56, que possui uma pequena papelaria, conta que ainda não dispensou funcionários, mas que deve optar pela suspensão do contrato por dois meses. “Já não tenho condição de pagar o salário do meu funcionário”, conta.