Familiares de possível vítima do H1N1 detalham trajetória entre unidades de saúde

Sara Tavares Ferreira morreu no último sábado (2), mas suspeita do vírus ainda não foi confirmada.

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A família da operadora de caixa de 21 anos que morreu no último sábado (2) com suspeitas de H1N1 e pneumonia divulgou uma nota sobre o ocorrido. No texto enviado à Reportagem do Grupo Thathi na noite desta segunda-feira (4), parentes detalham como foi a trajetória de Sara Tavares Ferreira entre a UBDS da Vila Virgínia e a Santa Casa de Ribeirão Preto. Ao fim, dizem que os responsáveis precisam ser punidos “para que o mesmo não aconteça com outras pessoas”.

A publicação começa explicando que a primeira ida da vítima ao médico foi na manhã da última quinta-feira (28), quando ela estava com “dor de garganta e febre de 40ºC”. Os familiares afirmam que, “como de praxe do atendimento público”, o médico teria olhado a garganta da menina de longe, sentado em uma cadeira. Em seguida, ainda de acordo com a nota, ele teria dito: “nossa a coisa está feia aqui”. A partir desse atendimento, Sara teria sido enviada para casa com a receita de um antibiótico.

A irmã da garota diz ainda que, no final da tarde da mesma quinta-feira (28), a paciente teria voltado ao hospital, dessa vez “com dores no lado direito do corpo, abaixo do peito, e com febre”. Com essa nova queixa, Sara teria sido medicada na veia e orientada “a não voltar mais ao médico” porque as dores na região do estômago poderiam durar mais três dias, já que eram resultado dos antibióticos receitados.

A nota continua e informa que, na madrugada de quinta (28) para sexta (1), Sara passou muito mal e teve falta de ar. Em razão disso, ela teria sido levada novamente à UBDS da Vila Virgínia, onde, dessa vez, um raio-x de tórax realizado teria constatado pneumonia.

Nessa terceira consulta, a vítima também teria sido diagnosticada com o nível glicêmico na casa dos 570 Mg/dL, o que configuraria diabetes. A doença, até então, seria desconhecida.

De acordo com os parentes, com esse novo resultado do atendimento, Sara teria sido transferida à Santa Casa, ainda na madrugada. Eles afirmam que ficaram sem notícias da garota até às 13h de sexta (1), quando os pais dela foram chamados, via telefone, para comparecer ao hospital.

No prédio da Santa Casa, pai e mãe teriam sido informados sobre a gravidade do caso, que a jovem precisaria ser encaminhada ao CTI (Centro de Tratamento Intensivo) e que, por isso, havia sido entubada. O procedimento teria como justificativa os fatos de ela estar com dificuldades para respirar e com a suspeita de H1N1.

No documento divulgado pela família é informado que novidades sobre o estado de saúde de Sara foram passadas às 17h do mesmo dia. No fim da tarde, uma assistente social teria dito que a equipe de médicos estava trabalhando e que ela seria levada ao CTI.

Depois disso, uma outra funcionária da instituição teria falado que novas informações sobre o caso estariam disponíveis às 11h30 do sábado (2). No entanto, às 10h30, os parentes teriam recebido a informação sobre a morte.

Conforme um laudo preenchido pela Santa Casa e citado na nota redigida, Sara Tavares Ferreira morreu em razão de um “choque séptico proveniente de pneumonia lombar à direita”.

Neste momento, a dúvida é justamente saber se o quadro foi provocado pela H1N1. Até o momento, a doença não foi confirmada e um laudo comprobatório deve sair em até 30 dias.

A mensagem dos familiares divulgada à imprensa termina em tom de desabafo, dizendo que o ocorrido com Sara não é novidade. “É o que acontece diariamente com o povo brasileiro que depende de atendimento público”.

Ainda nessa parte final, eles afirmam que, “se houve negligência médica”, vão querer providências, mas que não pretendem “processar ninguém”.

“Queremos apenas que os responsáveis sejam punidos para que o mesmo não aconteça com outras pessoas. O que queremos é o que o país inteiro quer. Que possamos ter um atendimento médico descente e condizente com todo o dinheiro que é arrecadado para isso”.

O que dizem os citados 

Questionada sobre a conduta na UBDS, a prefeitura ainda não se pronunciou. No entanto, em uma primeira nota enviada à Reportagem, informou que a Vigilância Epidemiológica já orientou o hospital sobre os profissionais que possam ter tido contato com a paciente sem os devidos equipamentos de proteção necessários durante o atendimento.

A Santa Casa informou que aguarda o laudo a ser divulgado e, assim como a Secretaria de Saúde, disse que os funcionários que atuaram no tratamento de Sara estão sendo orientados conforme protocolo.

O Grupo Thathi de Comunicação acompanha o caso e atualizará as informações, assim que disponíveis.

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