Fuvest aplica uma prova de nível médio para elevado. Professores do SEB comentam as questões

Politização acentuada, questões espalhadas, sem formação de blocos de matéria, muitos textos, alguns gráficos , muitos temas atuais e presença forte da interdisciplinaridade foram os destaques da prova

A Fuvest realizou neste domingo (4) a primeira fase do vestibular, com 90 questões de múltipla escolha, envolvendo as matérias de biologia, física, química, matemática, geografia, português, filosofia, sociologia, história e língua inglesa.

Segundo os professores do Grupo SEB que comentaram a prova, o nível de dificuldade deste ano foi de médio para elevado, superando em dificuldades as provas dos anos anteriores.

Para o professor Roma, da biologia, a prova apresentou uma politização elevada, questões que estavam espalhadas e não apresentadas por blocos de matéria, como eram anteriormente, além da presença de muitos textos, alguns gráficos que dificultaram ainda mais o nível das questões. Ele ressalta também que os temas atuais estiveram presentes, e o que chamou bastante a atenção foi a interdisciplinaridade exigida. Na biologia, apareceram questões envolvendo genética, citologia, ecologia evolução e bastante interação com geografia principalmente e com química.

Para o professor Wagner, de língua inglesa, a Fuvest trouxe oito questões clássicas, envolvendo interpretação de textos, vocabulário e imagens. Para ele, o nível também foi de médio para elevado, com amplo destaque para interdisciplinaridade, inclusive com uma questão que era um meme em inglês, interagindo com química e com português. Havia também um texto que ampliava a temática, buscando referências na geografia, na química e na física.

Para a equipe de matemática, formada pelos professores Jeferson Petroilho, Frederico Braga e Daniel Lima,  a prova da Fuvest desse ano não superou o nível de dificuldade dos dois últimos anos, a qual não trouxe nenhuma surpresa quanto ao conteúdo programático.

Um fato que chamou a atenção é o estilo de algumas questões que passam a ser de mera interpretação de texto, ou seja, os alunos deveriam simplesmente ler a questão e executar os comandos dados.

Em contrapartida, temas clássicos e costumeiros na prova não apareceram, como: Probabilidade e Trigonometria.

Desse modo, aproximadamente  40% da prova contemplou questões que abordavam textos extensos, interpretação de gráficos e tabelas e 60% da prova contemplou questões conteudistas tradicionais, que abordaram alguns temas como: Análise combinatória, Porcentagem, Cálculo de Volume de líquido em Cilindro, Desigualdades com duas variáveis, Cálculo de Áreas de Polígonos e Setor circular, Função Logarítmica e Sistemas de Equações.

Para o professor Breno Carlos da Silva, de filosofia, sociologia e história, a interdisciplinaridade foi o forte da prova, estabelecendo interfaces com temas, autores e obras da literatura, da filosofia, da sociologia, da geografia e da história. Questões de gênero, problematizadas tanto na história, enfatizando o papel da mulher no contexto histórico como sociológico foram bem exploradas pela Fuvest. Temas esperados na histórica, como unificação italiana, a questão da polis no mundo grego, a discussão dos direitos humanos, na Revolução Gloriosa, da Inglaterra do século 18. Na história do Brasil, o ponto central foi a discussão da mineração, o centenário da independência do Brasil em 1922, a valorização dos símbolos nacionais, o comício da Central do Brasil em 1964, o fim da União Soviética. Para o professor, essas questões não trouxeram dificuldades, mas foram trabalhosas, pela grande quantidade de textos.

Para o professor Altiéris Lima, de geografia, a prova foi um tanto mais complexa que as anteriores, evidenciando a interdisciplinaridade. As questões ambientais estiveram em evidência, principalmente no tocante às energias limpas e renováveis, questões voltadas à proteção de mangues, a preocupação dos efeito estufa, provocado pela emissão de gases. Abordou-se também o aspecto do uso de agrotóxicos, as monoculturas e os impactos da poluição ambiental. Chamou também atenção a presença de questões sobre a África, com seus problemas sociais, políticos e econômicos. Outro detalhe a ser observado é a temática envolvendo a presença da mulher negra no mercado de trabalho. Caiu também uma questão de cartografia, além da temática sobre os refugiados, tendo em vista os conflitos que hoje pairam pelo mundo. Altiéris ressalta a grande volume de gráficos e dados comparativos, exigindo muita atenção do candidato.

Para o professor Dersim, da física, a Fuvest trouxe 10 questões especificamente de física, já que duas outras foram interdisciplinares. Para a equipe de física do SEB, das dez questões, duas foram fáceis, cinco medianas e três difíceis. Ao contrário dos anos anteriores, o exame facilitou a vida dos candidatos com a presença de fórmulas no note e anote, dispensando uma necessidade de memorar fórmulas, já que eram dadas e cabia apenas aplicar diante do problema apresentado.

Para o professor Rener, de química, a prova exigiu leitura, interpretação, mas sem grandes complexidades. Foram questões que poderiam ser feitas com rapidez, no entanto o que mais poderia atrapalhar é o alto volume de gráficos apresentados, o que demanda mais calma e tranquilidade na execução, com destaque para a interpretação e menos para o conceito.

O professor José Ferreira, de língua portuguesa, lembra que o volume de questões de português deste ano foi menor do que nos anos anteriores. Costumeiramente, havia 16 questões e hoje foram 13. A divisão obedeceu a 4 questões de gramática e linguística, 4 de livros e 5 de interpretação de textos. As questões de gramática abordaram figuras de linguagem, com destaque para o eufemismo, o uso da partícula se, variantes linguísticas e lexical e uma questão sobre o valor dos advérbios e conjunções numa música do Belchior. Dos 9 livros indicados, apenas 3 foram cobrados. Duas questões de livros abordaram o mesmo poema de Fernando Pessoa. As cinco questões de interpretação de textos variaram em diversos estilos, que passaram por Sérgio Buarque de Holanda, um poema de Juó Bananerè, polissemia e trocadilho, um cartaz envolvendo também a percepção de polissemia, além da linguagem verbal e não verbal numa propaganda da anistia internacional e a noção de patrimônio público, a partir de uma charge.

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