Nesta segunda-feira (25) a Ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, visitou Ribeirão Preto para conhecer o Nutera (Núcleo de Terapia Avançada) e o estudo clínico com a terapia que usa as células CAR-T para combate a linfoma não Hodgkin de células B e leucemia linfoide de células B.
O tratamento com células CAR-T foi desenvolvido em 2017 nos Estados Unidos e, desde 2019, no Brasil, pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (Universidade de São Paulo), em colaboração com o Instituto Butantan e apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Vinte pacientes foram tratados com sucesso e com remissão das doenças. Na próxima fase, 81 pacientes serão submetidos à terapia em cinco instituições de saúde do estado de São Paulo. A expectativa é beneficiar mais de quatro mil pacientes por ano.
“Ribeirão Preto desponta em saúde por ser uma cidade polo, com vária universidades e o Hospital das Clínicas, que nos traz assistência de qualidade e alto nível em saúde. Os resultados apresentados são de extrema relevante diante de uma doença tão impactante, portanto, a ciência e o avanço tecnológico em prol da cura dessas patologias é de extrema relevância e importância, para Ribeirão Preto, para o Estado de São Paulo e para o Brasil. Parabéns a todos que participaram desse projeto da terapia celular” disse em seu discurso, secretária de Saúde, Jane Aparecida Cristina.
A técnica CAR-T consiste na retirada de linfócitos do próprio paciente, que são manipulados em laboratório e reaplicados no organismo. O objetivo é preparar os linfócitos para identificar e eliminar células tumorais que não foram detidas por outros tratamentos como quimioterapia e transplante de medula.
A Ministra Nísia Lima Trindade disse que acredita na ciência como atividade que deve se firmar política de Estado como o SUS, e classificou a como uma grande conquista para todos os brasileiros.
“As construções levam anos como essa que vocês desenvolveram aqui. Agradeço a vocês por essa luta intensa, e no caso do estado de São Paulo, favorecida por uma institucionalidade de permanência que está sendo trabalhada pelo nosso governo”, relatou a ministra.
Nísia Lima Trindade destacou ainda as ações do Ministério da Saúde desenvolvidas no Nutera.
“Outras ações do Governo Federal se somarão e podem contribuir com esse projeto e a Anvisa é fundamental nesse processo, de análise técnica criteriosa e investimentos que depois irão favorecer a pesquisa, concluiu a ministra.
“O objetivo é poder disponibilizar aos pacientes atendidos pelo SUS esse tipo de tratamento, que hoje é muito caro, cerca de 2 milhões de reais, e torne o acesso mais democrático, explicou o diretor presidente do Hemocentro de Ribeirão Preto, Rodrigo Calado.
Para a terapia ser desenvolvida em larga escala é preciso estudos clínicos em três escalas e depois submetê-lo a Anvisa para aprovação.
“O Brasil é capaz de desenvolver isso, tem gente capaz, basta que tenhamos organização, investimentos e encare isso como uma política de Estado, porque tem muita coisa vindo por ai”, disse Esper Kallas, diretor do Instituto Butantan.