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Nem todo herói usa capa

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Dezembro passado, amigo leitor, passei por um dos maiores perrengues de minha vida. Acometido pelo vírus Epstein-Barr, fui internado às pressas na unidade de emergência do Hospital das Clínicas. O vírus, comum e raramente nocivo, torturou meu fígado com uma inflamação terrível. Meus olhos e minha pele tornaram-se assustadoramente amarelos em menos de uma semana.

Foram três longas semanas, uma no centro e duas no campus Universidade de São Paulo (USP). Convivi com dores de cabeça terríveis, ansiedade e, a maior das torturas, programação global 24 horas. O quarto do HC campus é composto por seis leitos. Cada andar possui uma ou duas especialidades. Passei pela nefrologia, quando conheci um caminhoneiro que, para não perder o horário com sua esposa, resolveu atravessar o Rio Tietê a nado. Virou, claro, manchete. Ri demais com o pessoal daquele setor.

Infelizmente, fui transferido para o quinto andar, da gastroenterologia, quando vi sofrimentos inenarráveis. Um senhor pesando 35 quilos, por exemplo, ou um pai de família forçado a terríveis procedimentos de retirada de líquidos do torso. E Globo.

Todavia, todos aqueles que ali estavam só se mantiveram vivos -não presenciei nenhum óbito- graças aos auxiliares de enfermagem, enfermeiros e médicos. Vi de perto como é a rotina desgastante, dolorosa e exaustiva desses heróis.

Se hoje escrevo-lhes, amigos, é graças a esses titãs, esses anjos de jaleco. Foram inúmeras as dificuldades que enfrentaram, mas sempre determinados e de bom humor. Em especial, agradeço ao dr. Luciano Mega, amigo, vereador e pessoa de caráter inigualável.

Aos profissionais da saúde, agradeço-lhes com meus mais sinceros sentimentos de gratidão e carinho. Desejo-lhes força e a benção do Pai neste momento difícil. Devo-lhes minha vida, minha eterna gratidão. Força. Minhas orações estão com vocês. Heróis de jaleco, não de capa.