Polícia e Cetesb têm nova linha de investigação sobre vazamento de gás em Pontal

Órgãos investigam se lançamento clandestino de ácido na rede de esgoto causou a névoa tóxica que mantou uma pessoa na semana passada

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Cidade viveu momentos de terror durante o vazamento de um gás tóxico

A Polícia Civil e a Cetesb (Companhia Ambiental de São Paulo) investigam se o lançamento clandestino de uma substância ácida na rede de esgoto foi a causa do vazamento de gás ocorrido na última semana, em Pontal. A nova linha de apuração surgiu nesta segunda-feira (10) depois que uma espuma branca começou a sair de um poço de visita no bairro onde ocorreu a contaminação.

Técnicos da agência ambiental constataram que a rede de esgoto nesse ponto estava obstruída, o que provocou o transbordamento do líquido esbranquiçado. Eles perceberam que o entupimento se deu por uma massa de detritos e resíduos, além de esgoto sanitário, contendo graxa e óleo. Com as chuvas nos últimos dias, o líquido oleoso emulsionou na água, tomou o aspecto esbranquiçado e extravasou pelo poço de visita.

“A ocorrência abriu uma nova linha de raciocínio para as investigações das causas do episódio da última terça-feira. A hipótese é de que a obstrução e a concentração da mistura de líquidos oleosos e esgoto, e provavelmente a contribuição de um lançamento clandestino de produto ácido, no ambiente fechado da rede, podem ter causado uma reação química e a formação de um bolsão gasoso ácido, que encontrou rotas de escapamento pelos poços de visita, para as ruas próximas, e internamente nas residências vizinhas, pelos ralos”, informou a assessoria de imprensa da Cetesb.

Funcionários do setor de Atendimento a Emergências Químicas da companhia estarão nesta terça-feira em pontal para reforçar a equipe de investigação. A primeira ação será o monitoramento dos gases na rede pública de esgotos, com o objetivo de tranquilizar a população sobre a situação atual da rede coletora.

Hipóteses descartadas

O mistério sobre o vazamento de gás em Pontal já teve duas linhas de investigação descartadas. A primeira era de que a contaminação teria sido causada pela fabricação de produtos de limpeza caseiros. Nenhum indício que confirmasse essa hipótese foi encontrado.

Depois disso, os policiais suspeitaram de um caminhão, que ficou parado nas proximidades do local do acidente, e que teria descartado algum material tóxico. O veículo foi localizado e seu condutor declarou que carregava, no dia, apenas materiais de oficina. Ele também passou mal por conta do odor forte.

Consequências

O vazamento de gás em Pontal provocou a morte de uma pessoa – Alessandra Silva, de 39 anos – e deixou pelo menos 70 pessoas hospitalizadas. Cerca de mil moradores de bairros próximos ao local do incidente tiveram que deixar suas casas e ficaram abrigadas por uma noite em um ginásio de esportes.

Após análise sobre a qualidade do ar, elas foram autorizadas a retornar e os serviços municipais, que chegaram a ser suspensos, foram reestabelecidos.