A prefeitura de São Paulo recebeu um alerta do Tribunal de Contas do Município (TCMSP) sobre as más condições dos terminais rodoviários da cidade. Após a fiscalização dos auditores do órgão, foi constatado que 20 dos 31 terminais da capital não têm Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), que comprova proteção contra incêndios nas instalações.
Os técnicos constataram que faltam funcionários nos guichês para informar os passageiros, extintores e acesso às mangueiras de incêndio. A falta de banheiros e itens de higiene foram outros problemas encontrados durante a vistoria, realizada no dia 22 de novembro.
Segundo o relatório, também faltam papel higiênico, sabão e até assentos nos vasos sanitários. Obras nos espaços, assim como os buracos nas calçadas, também atrapalham o trânsito de pedestres. Usuários relataram a falta de segurança enquanto esperam por um ônibus.
No Terminal Bandeira, um dos mais movimentados, localizado na região central da capital paulista, Maria Batista, aposentada, de 72 anos, não conseguia quem pudesse informar em qual plataforma ela conseguiria um ônibus para o Terminal Parque D. Pedro II.
“Não tinha informação nenhuma”, relatou a aposentada. “Descobrimos, minha colega e eu, por nossa conta. No Terminal Santo Amaro, que também frequento, falta funcionários, ninguém sabe de nada e nós que estamos de idade, acostumadas a andar de carro com o filho, quando precisamos de ônibus, encontramos isso daí”.
O Terminal atualmente é administrado pela SPS Terminais, empresa ligada ao grupo Egypt, de iniciativa privada, e passa por obras de melhorias. Na manhã desta quinta-feira, viaturas de fiscalização da prefeitura estavam no local, tinham bastante funcionários identificados, além dos trabalhadores das obras de implementação de barreiras, calçadas e cobertura das plataformas.
Dona Maria Batista ainda relatou que quase nunca consegue informações quando precisa usar os ônibus na cidade:
“Não sei se é por causa da idade. Para jovens eles informam mais. Ônibus não param para nós nos pontos, porque acham que não pagamos passagem. Pelo menos para mim, é péssimo. Não sinto segurança nos terminais. Não tem banheiro, e quando tem são precários. Mal cheiro, sem papel. Eu nem uso”, afirmou.
Gustavo Mesquita, promotor de vendas, aponta que deveriam haver mais funcionários nos terminais.
“Às vezes falta pessoas a mais para trabalhar e mais informação nos terminais, e por causa do fluxo, melhores infraestrutura e acompanhamento do que acontece de logística, nos terminais”.
No Terminal Guarapiranga as mangueiras de incêndio foram encontradas guardadas dentro de armários pela equipe de fiscalização do TCMSP. O órgão pediu esclarecimento à SPTrans, que tem um mês para responder.
Só em novembro, 19 terminais foram privatizados após concessão da SPTrans. A companhia não respondeu ao questionamento da reportagem até o fechamento da matéria.