Amar ou adoecer: até onde vale ir por um relacionamento?

Cláudia Oliveira
Cláudia Oliveira
Psicóloga com formação em Terapia Cognitiva Comportamental, especialista em adolescência, adultos e orientação profissional. Neuropsicóloga, pós-graduada em orientação parental e inteligência emocional, Pós-graduanda em Psicopatologia e em Psicologia baseada em evidências. @psiclaudiaoliveira @adolescenciasimples
claudia oliveira

Junho chegou. E com ele, corações vermelhos nas vitrines, flores nos semáforos e aquela avalanche de postagens de casais sorrindo e transmitindo a imagem de amores perfeitos. Mas será mesmo?

O problema é que, muitas vezes, na ânsia de encontrar esse amor, a gente se perde, aceita situações estranhas e ainda se machuca.

Relacionamentos tóxicos não são coisa de novela ou filme. Eles estão ao nosso redor, disfarçados de paixão intensa, de ciúme disfarçado de cuidado, de controle com voz doce. E tem mais: nem sempre a toxicidade está só no outro. Às vezes, está na nossa expectativa — aquela ideia de que alguém vai nos completar, nos curar, nos salvar da solidão.

Mas o que é esse tal de relacionamento tóxico?

É aquele que, em vez de somar, suga. Que mina sua autoestima, te faz andar em ovos, e te deixa com dúvidas e tira a sua paz.

É aquele que começa bem, mas aos poucos se transforma em manipulação, culpa e chantagens emocionais. E, em muitos casos, o outro nem grita, nem bate. Mas desqualifica, ignora, silencia, some e volta como se nada tivesse acontecido.

Alguns desses relacionamentos são marcados por uma dinâmica que, na psicologia, chamamos de vínculo com traços narcisistas. São pessoas que parecem sedutoras, encantadoras no começo, mas que, com o tempo, mostram que só conseguem amar o próprio reflexo. O outro vira figurante da sua própria história.

E sabe por que caímos nesse tipo de relação?

Porque estamos cansados. Sozinhos. Carentes. Com medo de que o amor nunca chegue. Porque, às vezes, crescemos acreditando que “só seremos felizes quando alguém nos escolher”. E aí, aceitamos migalhas emocionais como se fossem banquetes.

Além disso, muitos de nós carregamos feridas antigas que nos tornam mais vulneráveis a esse tipo de dinâmica. E aqui vai um alerta importante: pais e mães que não cuidam das próprias dores emocionais, muitas vezes, sem perceber, passam adiante modelos afetivos disfuncionais para seus filhos.

A verdade é que amor de verdade não resgata ninguém. Ele acolhe, acompanha, impulsiona. E, acima de tudo, respeita.

Então, nesse Dia dos Namorados, se o presente for dar um basta nisso tudo e ser a sua própria companhia… abrace. Pode ser o começo da sua melhor relação.

Dicas práticas para identificar e sair de relações tóxicas:

  • Perceba como você se sente com frequência. Amor saudável não dá nó na garganta nem aperto no peito todo dia.
  • Observe se há espaço para sua individualidade. Amar não é se anular.
  • Cuidado com o discurso que justifica tudo: “Ele é assim mesmo”, “ela teve uma infância difícil”… Compaixão não pode justificar abuso.
  • Reforce sua rede de apoio. Amigos e família costumam perceber o que você ainda não consegue ver.
  • Procure ajuda profissional. Psicoterapia é ferramenta de autoconhecimento, não só de crise.
  • Amor não é teste de resistência. Você não precisa se provar digno dele suportando dor. Relacionamentos saudáveis começam com o respeito que você tem por si.

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