Durante mais de 25 anos de carreira, uma das habilidades que mais me definiu foi a capacidade de conectar pessoas. Sempre gostei de entender o que alguém precisava — fosse um parceiro, uma solução, uma inspiração — e, com naturalidade, puxar da memória outro alguém que poderia completar essa equação. Não por interesse, nem para me beneficiar da conexão, mas porque genuinamente acredito que o sucesso coletivo é mais poderoso (e mais sustentável) do que o sucesso solitário.
Por muito tempo, usei o termo networking para explicar isso. Afinal, era o mais próximo que existia no vocabulário profissional: construir e manter uma rede de contatos. Mas confesso que sempre carreguei um certo incômodo com a palavra. Talvez porque, com o tempo, ela tenha adquirido uma conotação de algo frio, utilitário, até oportunista. A ideia de encontros rápidos, cartões trocados e interesses próprios disfarçados de simpatia sempre me pareceu o oposto do que eu praticava no meu dia a dia.
Foi então que descobri o termo netweaving . E ali tudo fez sentido.
Netweaving, ao contrário do networking tradicional, parte da ideia de tecer relações com propósito e generosidade. Em vez de focar no “o que eu posso ganhar com essa conexão?”, o netweaver se pergunta: “Como posso ajudar essa pessoa a encontrar o que ela precisa?”. É um movimento mais profundo, baseado na escuta, na colaboração, no apoio mútuo — e, claro, na confiança construída ao longo do tempo.
É uma rede que se sustenta não pela quantidade de nós, mas pela qualidade dos fios. O termo é composto por duas palavras em inglês, net (rede) e weaving (tecendo), o que podemos traduz como “tecelagem de rede”, algo baseado em reciprocidade e não somente na construção de uma carteira de contatos que podem ser interessantes para meus negócios. O netweaving é a evolução do networking neste mundo mais colaborativo.
Quando olho para trás, vejo que sempre fui uma netweaver — antes mesmo de conhecer o nome. E acredito que muitos empreendedores, especialmente os que valorizam relações genuínas, também praticam isso sem saber. Já conectei fornecedores a startups, investidores a ideias embrionárias, talentos a empresas em crescimento. E, quase sempre, fui lembrada não por estar no centro da rede, mas por facilitar as conexões certas na hora certa.
O mundo dos negócios está mudando. As pessoas buscam menos discursos e mais presença. Menos promessas e mais construção conjunta. Nesse novo contexto, o netweaving é mais do que uma tendência — é uma necessidade. E talvez, como eu, você também descubra que sempre foi um netweaver, só não sabia o nome.