SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Chorando nos pontos finais, Bia Haddad desistiu, por lesão na região lombar, da partida contra Elena Rybakina, número 3 do ranking e atual campeã, nas oitavas de final de Wimbledon.
A brasileira sentiu dor no penúltimo ponto do quarto game do primeiro set, quando teve saque quebrado e viu a adversária abrir vantagem por 3 a 1. Pediu atendimento médico e deixou a quadra por cerca de 15 minutos.
Sob aplausos do público na quadra central, onde atuava pela primeira vez, Bia tentou voltar, mas não conseguia nem sequer se movimentar para rebater as bolas. Nos dois últimos pontos, começou a chorar, antes de avisar à arbitragem que não tinha como continuar.
“Não consegui, infelizmente, terminar a partida. Senti uma contratura bem forte durante o jogo, foi algo muscular. Acabou pinçando, senti um pouco na perna, talvez tenha sido algo de nervo. A gente não sabe. Tenho uma equipe especial que cuida de mim e vamos tratar da melhor forma. Terei algumas semanas até o próximo desafio, que deverá ser daqui a um mês. Agora vou descansar bem e recuperar”, disse ela após a eliminação.
O torneio que ela almeja retornar é o WTA 1000 de Montreal, marcado para começar em 4 de agosto. Serviria de preparação para o US Open, último Grand Slam do ano, marcado para 28 de agosto.
“É triste terminar um jogo assim, espero que não seja nada sério com ela e com certeza ela vai voltar melhor”, lamentou Rybakina, classificada para as quartas de final.
Nesta segunda-feira (10), a brasileira voltaria a entrar em quadras pelo torneio de duplas, ao lado de Victoria Azarenka, mas também não pôde atuar.
“Quero agradecer a todos pelo carinho e apoio. Infelizmente, foi um dia triste, mas faz parte. A gente tem de tirar um aprendizado deste momento, assim como tira de tantos jogos, de vitórias ou de derrotas. Queria agradecer a todos mais uma vez”, completou a brasileira.
Depois de ir à semifinal de Roland Garros, resultado que a levou à 13ª posição no ranking da WTA, Bia Haddad tinha a sua melhor campanha da carreira em Wimbledon. Havia derrotado a cazaque Yulia Putintseva na estreia. Depois passou pelas romenas Jaqueline Cristian e Sorana Cirstea para chegar às oitavas.
Foi a primeira vitória de Rybakina sobre a rival desta segunda. Elas haviam se encontrado duas vezes neste ano e Bia venceu nas quartas de final em Abu Dhabi e nas oitavas em Stuttgart.
Por causa de dores musculares, ela já havia tido problemas para disputar os torneios preparatórios para Wimbledon, jogados na grama.
A lesão, embora não seja séria a princípio, traz a lembrança de problemas que Bia teve no passado e atrapalharam a sequência de sua carreira.
Entre 2019 e 2020, ela ficou dez meses suspensa por doping. Só voltou a jogar ao conseguir provar que o anabolizante encontrado em seu exame vinham de um suplemento alimentar contaminado. Atuou por cinco meses e precisou passar por cirurgia para retirada de um tumor na mão esquerda.
O acúmulo de problemas fez com que não conseguisse se classificar para as Olimpíadas de Tóquio, em 2021.
Entre 2013 e 2017, passou por duas cirurgias no ombro, ficando quase um ano no total afastada do esporte. Neste último ano, sofreu acidente doméstico e fraturou três vértebras.
“Tive muitas complicações, mas estava trabalhando bem. [A lesão desta segunda] Me limitou em todos os movimentos. Era minha primeira partida na quadra central e a gene trabalha por esses momentos. Faz anos que não sentia dor nas costas, isso realmente me surpreendeu. Me sentia muito bem e fiquei triste por não ter oportunidade de continuar jogando. Estava me sentindo muito bem”, disse Bia, em entrevista à ESPN.
Ela lamentou também que o problema muscular tenha ocorrido no dia em que sua avó completa 90 anos.
“Está doendo bastante. Especialmente hoje, que minha avó faz 90 anos, queria ter jogado, talvez não dado a vitória, mas pelo menos ter conseguido jogar. Mas agora vamos para o próximo”, finalizou.
Redação / Folhapress