Bolsa sobe e dólar hesita, com juros e Petrobras no radar

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa brasileira operava com viés de alta nos primeiros negócios desta sexta-feira (24), após cinco pregões seguidos de queda.

Por volta das 10h25, o Ibovespa avançava 0,14%, a 124.894 pontos. Já o dólar hesitava entre a estabilidade e leve recuo ante o real, com perdas de 0,13%, cotado a R$ 5,147 na venda.

Os investidores ainda seguiam atentos às expectativas para o momento de um primeiro corte de juros nos Estados Unidos, com novos dados sobre a confiança do consumidor previstos na agenda do dia.

Na cena corporativa, a eleição de Magda Chambriard como CEO da Petrobras e anúncio de acordo de codeshare entre as aéreas Azul e Gol estavam entre os destaques.

Na véspera, o dólar fechou praticamente estável, com leve recuo de 0,03%, cotado a R$ 5,152 na venda. Já o Ibovespa engatou no quinto pregão seguido de perdas, com queda de 0,73%, a 124.729 pontos

Os investidores repercutiram os últimos dados econômicos dos Estados Unidos, que preservaram dúvidas sobre o rumo da taxa de juros por lá, e falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a meta de inflação.

Os detalhes da ata da última reunião do Fed –que optou por manter os juros inalterados na faixa de 5,25% a 5,50%– ainda ecoavam nos mercados globais, que ansiavam por mais pistas sobre possíveis cortes na taxa básica norte-americana e, no lugar, receberam a constatação de que “vários” membros do comitê de política monetária consideravam novos aumentos.

Dados divulgados nesta quinta-feira corroboraram a tese de que a economia dos EUA ainda segue resiliente demais para que um corte venha nas próximas reuniões.

A atividade empresarial no país acelerou em maio para o nível mais alto em pouco mais de dois anos, e o setor industrial relatou um aumento nos preços de uma série de insumos, sugerindo que a inflação de bens pode aumentar nos próximos meses.

O PMI (Índice de Gerentes de Compras, na sigla em inglês) Composto que acompanha os setores de manufatura e serviços, analisado pela S&P Global, saltou para 54,4 em maio. Leituras acima de 50 indicam expansão da atividade.

Os dados levaram à alta do rendimento do título de 10 anos do Tesouro dos EUA, que foi de 4,434% na véspera para 4,476%.

“O entendimento cada vez mais consolidado de que o corte de juros nos EUA só deve ocorrer no último trimestre pressionou novamente os principais índices em Wall Street”, disse Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.

A Bolsa brasileira, que já acompanhava o exterior, ainda foi pressionada por ruídos sobre a política monetária doméstica, após Haddad considerar a atual meta de inflação “exigentíssima” em falas na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, na quarta-feira.

“Se o Brasil está com dificuldade de cumprir meta mais baixa, e a inflação fica insensível a taxas de juros, temos que pensar as questões institucionais”, ponderou Haddad em audiência no Congresso na quarta-feira, acrescentando que uma das principais questões institucionais é o quadro fiscal.

“Meta de inflação de 3% é ousada para histórico do Brasil. Se queremos perseguir esta meta, temos que abrir este debate”, acrescentou Haddad, sem se aprofundar na questão.

A fala abriu espaço para a interpretação de que alcançar a meta de inflação já não é mais prioridade, o que afetaria o rumo da taxa Selic, principal instrumento de controle de preços.

Apostas de uma taxa de juros mais alta do que o previsto ao final de 2024 começaram a crescer nos últimos dias.

Na reunião do começo do mês, o BC reduziu a Selic em 0,25 p.p., após seis cortes consecutivos de 0,5 ponto. O presidente da instituição, Roberto Campos Neto, ainda disse em entrevista na semana passada que não pode antecipar novas reduções, sob o argumento de que a autarquia precisa “de tempo, serenidade e calma para saber como as variáveis vão se desenrolar”.

Na cena corporativa, Vale caiu 0,6%, acompanhando a queda dos futuros do minério de ferro na China. Já a Petrobras perdeu 1%, também em linha com os preços do petróleo e com a sucessão no comando da estatal no radar.

Itaú cedeu 0,89% e Bradesco, 1,68%.

Do lado das altas, Suzano avançou 3,68%, recuperando parte das perdas recentes desencadeadas por notícias sobre interesse da companhia na europeia International Paper.

Minerva avançou 1,1%, em dia de recuperação após queda na véspera, em meio à decisão da autoridade concorrencial uruguaia Coprodec na terça-feira de rejeitar um pedido da companhia para a compra de três unidades de abate da Marfrig no país.

Redação / Folhapress

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