Chefe do Gaeco SP diz que fim das saidinhas preocupa mais que racha no PCC

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O chefe do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público de São Paulo, Leonardo Romanelli, afirmou que, no curto prazo, o fim das saidinhas temporária de presos preocupa mais do que o racha interno na liderança do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Órgãos da segurança pública de São Paulo estão atentos, afirmou Romanelli. “Se você perguntar qual das duas situações nos preocupa mais [racha na cúpula do PCC ou fim da saidinha] eu diria que é o impacto que o fim das saídas temporárias poder ter no curto prazo. A cúpula da Secretaria de Administração Penitenciária, polícias Civil e Militar, todos estamos extremamente atentos a isso”, declarou em entrevista ao jornal O Globo.

Romanelli diz ser “muito pouco provável” que os detentos façam uma “megarrebelião” igual a ocorrida em 2001, mas não descartou a hipótese de que “algo similar”ocorra. “A gente tem de estar preparado, seja para uma tentativa de virar presídios -fomentar rebeliões- em massa, que acho pouco provável, seja para outras ações pontuais”.

FIM DAS SAIDINHAS

Em março, a Câmara aprovou o projeto de lei que acaba com a saída temporária de presos. O presidente Lula (PT) vetou parcialmente o texto aprovado pelos parlamentares, para permitir a saída temporária de detentos no regime semiaberto para visitar a família.

Veto é “limitado” e afeta 118.328 presos, segundo o ministro da Justiça e Segurança Pública Ricardo Lewandowski. “Nós preservamos todas as outras restrições que foram estabelecidas pelo Congresso”, argumentou o ministro, que considera esse projeto de lei inconstitucional.

O veto do presidente Lula pode ser derrubado pela Câmara. Se isso acontecer, juristas ouvidos pelo UOL dizem que o fim da saidinha fere a Constituição e o tema pode chegar ao STF (Supremo Tribunal Federal).

RACHA NO PCC

O racha interno no PCC também gera tensão no sistema prisional paulista. O líder da facção criminosa Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, entrou em atrito com outros três integrantes da cúpula. Todos eles estão detidos na Penitenciária Federal de Brasília.

Marcola teve morte decretada. Segundo o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), os presos Roberto Soriano, o Tiriça, Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, e Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, chamaram Marcola de delator e, além de excluí-lo do PCC, decretaram a morte dele.

Aliados de Marcola reagiram. Em contrapartida, integrantes da “sintonia final” do PCC, fiéis a Marcola, acusaram Tiriça, Vida Loka e Andinho por calúnia e traição e divulgaram um “salve” (comunicado) anunciando que os três já não fazem mais parte da facção e estão jurados de morte.

Detentos de unidades prisionais de Osasco, na Grande São Paulo, de Jundiaí e de Campinas, no interior, ligados a Tiriça, Vida Loka e Andinho manifestaram aos seus advogados o desejo de transferência para presídio neutro na região de Presidente Prudente -por medo de uma carnificina.

A guerra interna mais violenta do PCC aconteceu em 2002, quando Marcola assumiu a liderança máxima do PCC. José Márcio Felício, o Geleião, e César Augusto Roriz Silva, o Cesinha, fundadores da facção, foram excluídos e acusados por traição. Dezenas de aliados de ambos foram mortos nas prisões.

Redação / Folhapress

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