SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Combatentes do grupo extremista islâmico Hamas lançaram neste sábado (7) incursões em diversas localidades no sul de Israel, onde fizeram massacres de civis e de militares, além de reféns.
Foi a maior ação militar contra o Estado judeu desde a invasão por forças árabes na Guerra do Yom Kippur, cujo início completou 50 anos na sexta (6). Assim como naquele episódio, houve falha grave dos serviços de inteligência israelenses.
Cerca de mil combatentes romperam o bloqueio israelense contra a Faixa de Gaza, de acordo com o Hamas. A cerca que fica na fronteira entre Israel e o enclave palestino foi violada, e também houve infiltração usando parapentes e barcos. A ação, sem precedentes, foi acompanhada pelo disparo de milhares de foguetes contra Israel.
Até agora, as ações deixaram ao menos 200 mortos e 1.100 feridos, segundo as autoridades israelenses. Em resposta, o governo do premiê Binyamin Netanyahu declarou estado de guerra e iniciou bombardeios contra diversas localidades na Faixa de Gaza, deixando ao menos 230 mortos e 1.600 feridos, segundo as autoridades do enclave palestino.
De acordo com as autoridades de Israel, combatentes do Hamas estariam em 22 localidades no sul do país, onde foram registrados tiroteios e incêndios. Civis buscaram abrigo em bunkers.
Em uma estrada perto de Sderot, foram encontrados corpos de vários civis em veículos alvejados por armas de fogo, indicando um massacre.
Um número indeterminado de civis e militares foram sequestrados por combatentes do Hamas e levados à Faixa de Gaza. Também há relatos de civis feitos reféns dentro de suas próprias casas em várias localidades no sul de Israel.
O prefeito do conselho regional de Sha’ar Hanegev, Ofir Liebstein, foi morto em enfrentamento com os combatentes do Hamas, informou o jornal Times of Israel.
Em Ofakim, combatentes mataram o motorista de uma ambulância do Magen David Adom, equivalente à Cruz Vermelha em Israel, enquanto ele se dirigia para atender vítimas dos ataques.
Também há registro de ações de combatentes armados na base militar de Re’im. O local foi retomado pelas forças de Israel, ainda segundo o jornal.
Imagens divulgadas pelo grupo extremista mostram corpos de vários soldados ensanguentados em locais que parecem ser alojamentos militares. O Exército israelense não se pronunciou sobre as cenas.
Para além dos confrontos nos arredores da Faixa de Gaza, há relatos de embates entre manifestantes palestinos e forças de segurança israelenses em Jerusalém Oriental e em cidades da Cisjodânia como Al Bireh, Qalandia, Hebron e Al-Hadr. Também houve incidentes no assentamento judaico de Beit Aryeh, no norte da Cisjordânia.
Em nota, o Itamaraty afirmou que mantém contato com cerca de 30 brasileiros que residem na Faixa de Gaza e outros 60 que moram em Ashkelon e em localidades na zona de conflito. Segundo o ministério, há cerca de 14 mil brasileiros morando em Israel e outros 6.000 nos territórios palestinos.
A ação indica uma falha dos serviços de inteligência de Israel, que parecem ter sido pegos de surpresa. Trata-se de uma das mais graves escaladas no conflito israelo-palestino em anos. O último grande conflito entre Israel e Hamas foi uma guerra de 10 dias em 2021.
O Hamas disse que a ofensiva foi motivada pelos “ataques crescentes” de Israel contra os palestinos na Cisjordânia, em Jerusalém e contra os palestinos nas prisões israelenses. O comandante militar do grupo, Mohammad Deif, anunciou o início da operação numa transmissão nos meios de comunicação do Hamas, apelando aos palestinos de todo o mundo para que lutassem. “Este é o dia da maior batalha para acabar com a última ocupação na Terra”, disse ele.
Líderes internacionais reagiram. O presidente americano, Joe Biden, informou ao premiê israelense que os Estados Unidos estão prontos para oferecer todo o seu apoio. “Israel tem o direito de defender a si mesmo e ao seu povo. Os Estados Unidos alertam contra qualquer outra parte hostil a Israel que procure obter vantagem nesta situação”, acrescentou.
Redação / Folhapress