SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O empresário Igor Ferreira Sauceda, 27, que dirigia o Porsche que atropelou e matou o motoboy Pedro Kaique Ventura Figueiredo, 21, na madrugada desta segunda-feira (29) na avenida Interlagos, na zona sul de São Paulo, é acusado de utilizar o veículo de luxo para perseguir e ameaçar a família de ex-sócio.
Sauceda foi preso em flagrante por suspeita de homicídio doloso, com dolo eventual e motivo fútil. Nesta terça (30), a Justiça de São Paulo converteu em preventiva (sem prazo) a prisão após audiência de custódia.
De acordo com o advogado Daniel Biral, a família de Erinaldo Joaquim dos Santos, ex-sócio de Sauceda e de sua família, foi perseguida na madrugada do último dia 20, na mesma região onde ocorreu o acidente que culminou na morte do motoboy.
“O Igor pegou esse carro [Porsche], esperou essa família sair do negócio deles, que é na mesma rua, na Soares de Barros, e começou a perseguir eles, fechar, frear. Eles gravaram porque a menina ficou muito assustada”, afirma Biral.
O veículo da família, um Honda City, era dirigido por Cleusa Silva de Souza, esposa de Santos, que estava no banco de carona, e a filha do casal, Beatriz, estava no banco de trás. Ela fez as filmagens.
“Nós tá [sic] fazendo o caminho de casa e eles provocando a gente, freando pra gente bater. Voltou pro nosso caminho para nos provocar. Já não é mais caminho da casa deles. Lá na frente, a Porsche. Passando no nosso lado, sendo que a casa deles é em outro local”, diz Beatriz na gravação.
O advogado afirmou que as ameaças de morte e intimidação começaram em 2021, mas foram intensificadas neste ano, após Santos e seu sócio Carmenon de Jesus Silva ingressarem com ação judicial em março pedindo reconhecimento da sociedade no bar Beco do Espeto. O valor inicial da causa é de R$ 1,4 milhão.
Segundo advogado, no dia 14 de junho, houve registro de boletim de ocorrência no 15º DP (Itaim Bibi) por ameaça de morte.
“Ele [Santos] mantém estacionamento e um bar na mesma rua do Beco do Espeto, eles passam na frente, provocam, xingam, fazem ameaças de morte”, relata.
Denúncia de agressão foi registrada em 2021
Santos e Silva montaram, por volta de 2006, uma sociedade para abrir uma empresa de estacionamentos e prestavam serviços para vários estabelecimentos na região do Itaim Bibi, na zona oeste. Eles alugaram sete terrenos na região e prestavam serviços de valet.
De acordo com o advogado e com o processo judicial, por volta de 2010, Santos e Silva contrataram Fernando Sauceda, pai do condutor do Porsche, e mais um funcionário como manobristas. Em 2015, Fernando e o outro funcionário pediram uma construção que existia dentro de um desses terrenos para abrir uma lanchonete. Segundo, o advogado, Santos e Silva se tornaram sócios dessa lanchonete, que foi crescendo.
Porém, durante a pandemia, Santos e Fernando brigaram porque Fernando queria manter o funcionamento, mas Santos queria seguir as regras sanitárias impostas na época.
Até que em 2021, ainda segundo relato do advogado, Fernando, junto do motorista do Porsche e outro filho, teriam agredido Santos e o ameaçado de morte. Foi registrada uma ocorrência em 15 de fevereiro de 2021 por lesão corporal e ameaça, sobre esse episódio.
A ação judicial está em andamento e ainda não tem decisão.
A reportagem entrou em contato no escritório do advogado Carlos Bobadilla, que defende Igor Sauceda, mas ele não estava. Não houve posicionamento até a publicação deste texto.
FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress