Ministério Público pede arquivamento de denúncia contra primeira-dama da Espanha

IEREVAN, ARMÊNIA (FOLHAPRESS) – O Ministério Público espanhol pediu nesta quinta-feira (25) o arquivamento da denúncia contra a primeira-dama da Espanha, Begoña Gómez, alvo de uma investigação por suposta corrupção e tráfico de influência.

Após a instauração da investigação, na quarta-feira, o premiê Pedro Sánchez (PSOE) cancelou sua agenda até o domingo e publicou uma carta na qual afirmou que pode renunciar ao maior cargo do país.

Reeleito em novembro do ano passado, Sánchez disse que anunciará sua decisão sobre permanecer no governo apenas na segunda-feira (29). “Eu preciso pausar e refletir”, escreveu ele, na carta divulgada no X.

O Ministério Público contestou o despacho de um juiz de Madri que aceitou a denúncia enviada pela associação Mãos Limpas –grupo ligado à ultradireita do partido Vox e aos conservadores do Partido Popular (PP).

Segundo a denúncia, a primeira-dama, aproveitando-se de seu status pessoal, “recomendou ou endossou empresários que participaram de concursos públicos”.

No documento enviado ao tribunal, a Mãos Limpas afirmou que as acusações se baseiam exclusivamente em informações publicadas por “vários jornais digitais e em papel, e, posteriormente, em talk shows televisivos”.

Nesta quinta, a Mãos Limpas admitiu que é possível que a sua denúncia se baseie em informações falsas. Mas afirmou também que “nos próximos dias fornecerá documentação ao tribunal” para demonstrar que a esposa do premiê cometeu efetivamente um possível crime de tráfico de influência e corrupção empresarial.

As acusações de tráfico de influência vinham sendo publicados desde o final de 2022 por canais de YouTube de direita. As informações foram constantemente negadas pelo PSOE, mas a associação tentou levar o caso aos tribunais por diversas vezes, sem sucesso.

Um exemplo: em novembro de 2020, a companhia aérea Air Europa foi resgatada da falência devido a pandemia por um empréstimo de EUR 475 milhões (R$ 2,6 bilhões) a serem devolvidos em seis anos.

Outras aéreas receberam empréstimos semelhantes, mas o fato de que Begoña Gómez presidia um centro de estudos que tinha um acordo com uma subsidiária da empresa que controlava a Air Europa foi colocado em evidência. “Seria apenas uma coincidência?”, dizem os vídeos de YouTube que acusam a primeira-dama.

Essa aparentemente frágil acusação é a razão de o Ministério Público ter pedido o arquivamento de todo o caso nesta quinta.

Pedro Sánchez praticamente parou a Espanha na quarta ao cancelar sua agenda e dizer, na carta, que “não tenho vergonha de dizer isso, sou um homem profundamente apaixonado por minha esposa, que se vê impotente com a lama que se espalha sobre ela dia após dia”.

Ato contínuo, o governo e a direção do PSOE passaram a enviar mensagens públicas e privadas para tentar convencer o seu líder a não se demitir. Caso ele resolva ficar, o que é muito provável, voltará como se levado pelas mãos do povo.

Militantes de todo o país estão sendo convocados via WhatsApp para um comício no sábado. Grupos socialistas em diversas províncias já alugaram ônibus por conta própria ou pediram ajuda às suas federações. “As pessoas estão indignadas e muito indignadas. Estamos canalizando os seus pedidos”, informaram membros do partido.

A palavra de ordem é unânime: fazer uma demonstração de força que transmita uma mensagem de unidade e cerrar fileiras com o premiê para que ele não renuncie.

Na carta, Sánchez disse que “pelo que parece, o juiz vai chamar os responsáveis de dois jornais digitais que têm publicado sobre este assunto para prestarem depoimento”.

“Na minha opinião, são meios de comunicação com uma orientação marcadamente de direita e de ultradireita. Com efeito, a denúncia do Mãos Limpas baseia-se em supostas informações provenientes dessa constelação de jornais ultraconservadores. Enfatizo supostas informações porque, depois de publicadas, temos negado as falsidades expressadas”.

O premiê espanhol também culpou os dirigentes dos partidos adversários. “Essa estratégia de assédio e demolição já dura meses. Portanto, não me surpreende o exagero do senhor Feijóo [líder do PP] e do senhor Abascal [líder do Vox]. Nesse movimento tão grave quanto grosseiro, ambos são colaboradores de um universo digital de extrema direita e dessa organização Mãos Limpas.”

IVAN FINOTTI / Folhapress

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