Preços caem 0,08%, e IPCA tem maior queda para junho desde 2017

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) teve deflação (queda) de 0,08% em junho, informou nesta terça-feira (11) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

É a menor variação para o mês desde 2017. Naquele ano, a queda havia sido mais intensa em junho (-0,23%).

Considerando diferentes meses, o recuo de 0,08% marca a primeira deflação do IPCA em nove meses. A última havia sido em setembro de 2022 (-0,29%), em meio aos cortes de impostos às vésperas das eleições.

O resultado de junho ficou próximo da mediana das projeções do mercado. Analistas consultados pela agência Bloomberg esperavam recuo de 0,10%, após o avanço de 0,23% registrado em maio.

Com o novo resultado, a alta acumulada pelo IPCA nos últimos 12 meses desacelerou para 3,16%, segundo o IBGE. A variação estava em 3,94% na divulgação anterior.

O IPCA é o índice oficial de inflação do Brasil, servindo de referência para o regime de metas do BC (Banco Central).

Em 2023, o centro da meta de inflação perseguida pela autoridade monetária é de 3,25%. O intervalo de tolerância é de 1,5 ponto percentual para mais (4,75%) ou para menos (1,75%).

Com a trégua do IPCA, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aliados vêm pressionando o BC por uma redução na taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75% ao ano.

O Copom (Comitê de Política Monetária do BC) volta a se reunir nos dias 1º e 2 de agosto para definir o patamar da Selic. Antes da divulgação do IPCA de junho, analistas do mercado financeiro já projetavam o início dos cortes da taxa básica em agosto.

A Selic de dois dígitos tem sido a estratégia do BC para conter os preços e ancorar as expectativas de inflação. O efeito colateral esperado é a perda de fôlego da atividade econômica, porque o custo do crédito fica mais alto para os investimentos das empresas e o consumo das famílias. Esse cenário preocupa Lula e aliados.

Na mediana, analistas do mercado financeiro projetam IPCA de 4,95% no acumulado até dezembro deste ano, conforme a edição mais recente do boletim Focus, divulgada na segunda (10) pelo BC.

Isso quer dizer que, por ora, as estimativas indicam IPCA acima do teto da meta em 2023 (4,75%). A diferença entre as projeções e o limite da medida de referência, contudo, vem ficando menor nas últimas semanas.

As previsões para a inflação têm sido revisadas para baixo em meio ao cenário de perda de força dos preços no atacado.

Em julho, o IPCA deve ser pressionado pelo retorno da cobrança integral de tributos federais sobre combustíveis. Na semana passada, o litro da gasolina teve alta de 5,8% nos postos brasileiros, segundo pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

O impacto das deflações registradas no segundo semestre de 2022 também deve sair da base de cálculo do IPCA no acumulado de 12 meses até o final de 2023. Isso deve contribuir para uma variação maior até dezembro do que a atual, de acordo com analistas.

Às vésperas das eleições do ano passado, os preços de produtos e serviços como gasolina e energia foram reduzidos de maneira artificial pelo corte de tributos promovido pelo governo Jair Bolsonaro (PL).

LEONARDO VIECELI / Folhapress

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