Renan Monteiro fala da relação de Augusto e Buba em ‘Renascer’

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Renan Monteiro, 38, tem sentido nas ruas o carinho dos telespectadores com o José Augusto de “Renascer” (Globo). “O personagem é muito carismático, o pessoal adora”, diz o ator, que contou recentemente ter parado o condomínio onde mora a namorada, Sarah Firmo.

“Basta uma pessoa ter coragem de falar, né? Porque as pessoas também ficam com vergonha de abordar porque tem muita gente chata, que não gosta dessas coisas. Eu adoro falar com o público, então basta chegar um”, afirma ele, que também causou comoção outro dia em um comércio. “A pessoa do caixa viu, veio outra, depois todo mundo e virou um evento no mercado (risos).”

A reação é proporcional à torcida pelo personagem. “Tem uma coisa no José Augusto que eu acho muito incrível que é o fato de ele começar a novela desajustado”, comenta. “Ele não se entende na profissão, ele não se entende no que ele buscou para a vida dele. É um personagem que causa muita identificação por causa disso, porque acho que todo mundo já passou por algum período na vida onde se sentiu fora do lugar.”

Agora, o personagem está entrando em uma nova fase. Após a morte de seu irmão, José Venâncio (Rodrigo Simas), José Augusto se aproximou da cunhada Buba (Gabriela Medeiros). Nesta semana, ele a ajudou a enfrentar os pais, de quem ela havia se distanciado, e os dois se beijaram e ficaram juntos. Em breve, oficializarão que estão juntos e receberão as bênçãos do pai dele, José Inocêncio (Marcos Palmeira).

Mas até chegar a esse momento, foi preciso construir com delicadeza essa relação. “Como é que esse cara vai se envolver com a cunhada?”, lembra de ter pensado o ator. “Eles vão se apaixonando aos poucos, e é muito bonito, um amor muito genuíno.”

José Augusto começa a conviver com Buba para cuidar da viúva de seu irmão e também para tentar resolver o imbróglio que suposta gravidez dela gerou. Sem saber que Buba é uma mulher trans, José Inocêncio acreditava que ela estava esperando um filho de Venâncio, que morreu antes de lhe revelar a verdade. A princípio, ele até cai na armadilha de continuar com a mentira, mas não por muito tempo.

“Todo esse pepino do Venâncio, dessa mentira de um filho que não existe, cai no colo do Augusto e ele não quer decepcionar o pai de jeito nenhum”, explica Monteiro. “O Augusto, filho mais velho, super sensível, bem humanista, acaba entrando na onda do Venâncio. Tipo assim, a gente não pode matar esse pai de desgosto porque ele está muito mexido, já tem uma certa idade e não sabemos como será quando ele descobrir que foi feito de besta.”

Porém, a forma como Venâncio e Augusto veem Buba não poderia ser mais diferente. Enquanto o primeiro não lidava bem com a transexualidade dela, o segundo sempre encarou isso de forma natural. “Acho que a Buba vai ser amada como nunca foi pelo Venâncio, que a escondeu, que não respeitava, não comprava os sonhos dela”, compara. “A relação com o Venâncio partiu da atração, não é uma construção de olho no olho, como com o Augusto.”

Apesar disso, Buba e Venâncio eram muito bem avaliados pelo público. Antes da morte dele, eles foram eleitos o casal preferido do folhetim em uma enquete no site oficial da novela. Monteiro diz que não teve receio de que a química do primeiro par da mocinha não se repetisse agora.

“A novela ela é feita de ciclos, né? Teve esse ciclo que era para isso mesmo, para o público gostar -e que bom que gostou”, diz. “Agora a novela entra numa outra esfera, e a gente torce para todo mundo goste também.”

O ator conta que procurou também criar intimidade com Gabriela Medeiros para que isso se refletisse na tela. “Eu ouvi da Gabi toda a sua história, todos os seus sonhos e decepções, loucuras e alegrias”, afirma. “A gente de alguma forma tentar colocar isso um pouquinho nas personagens. Têm sido maravilhoso.”

Ele também celebra a possibilidade de falar sobre identidade de gênero no horário mais nobre da TV brasileira. “Estamos em 2024 e ainda tem pessoas preconceituosas, ignorantes, que se incomodam demais com a felicidade alheia”, lamenta. “A gente vive numa sociedade machista, mas também precisa se enxergar primeiro para depois fazer a reciclagem.”

Se conseguir que pelo menos parte do público reavalie a própria intolerância, esse será mais um dos remédios que José Augusto vai aplicar. “Enxergo o Augusto como um agente da cura”, filosofa Monteiro. “Ele é médico, está com o CRM cassado, mas eu percebo que, por onde ele passa, vai curando de alguma forma. Ele tem uma certa sensibilidade espiritual.”

“É interessante que, mesmo que ele tenha problemas para curar os outros fisicamente, consegue curar os outros de uma maneira emocional”, comenta. “Acho que a grande virada desse amor dele com a Buba é que, até aqui, ele vem curando os outros e, agora, está na hora de ele se permitir ser curado.”

VITOR MORENO / Folhapress

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