SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A varejista asiátia de mota Shein lança nesta quinta (19) três novas categorias de roupas brasileiras: plus size, lingerie e fitness. Na coleção plus size, as peças vão do tamanho 48 ao 58 (G1 ao G5). Os preços variam entre R$ 7 (calcinha) e R$ 200 (jaqueta puffer).
Mas não é simples encontrar as coleções brasileiras em meio às peças de 6.000 fornecedores globais da Shein: o usuário precisa entrar no site ou aplicativo e clicar na categoria “envio nacional” e, na sequência, acessar a subcategoria “novidades”, para então procurar pelo ícone “SheinBrasil”.
O lançamento das novas coleções faz parte dos planos da gigante asiática de moda online de expandir sua operação no país em abril, a empresa anunciou que faria no Brasil investimentos de R$ 750 milhões até 2026. Ao final dos próximos três anos, a Shein diz pretender ter 85% da sua venda local originada a partir de produtos brasileiros seja de produção própria ou de revendedores nacionais, os “sellers”.
“São peças produzidas a partir da análise do corpo da mulher brasileira, tendo como referência a tabela da ABNT [Associação Brasileira de Normas Técnicas] e os produtos importados mais vendidos na nossa plataforma, o que deu origem a uma tabela exclusiva de medidas”, diz Fabiana Magalhães, diretora de produção local da Shein no Brasil, que apresentou as novas coleções à imprensa nesta quarta-feira (18), na sede da empresa, em São Paulo.
A executiva é a responsável por gerir a produção local, que deve englobar 2.000 confecções até o final de 2026, período em que a Shein prometeu gerar 100 mil empregos indiretos.
Até agora, foram fechados acordos com 336 fábricas em 12 estados, de diferentes regiões do país, sendo que 213 delas estão fornecendo produtos à plataforma. Nestes seis meses, 4.000 modelos foram produzidos no Brasil, por confecções e estilistas locais, segundo a plataforma.
Os investimentos de R$ 750 milhões envolvem fornecimento de tecnologia e treinamento para que as confecções atualizem seu modo de produção para o da Shein.
ASIÁTICA JÁ SUPEROU MARISA E DEVE ULTRAPASSAR C&A NO BRASIL, DIZ BTG
As brasileiras, porém, não fornecem com exclusividade para a Shein e a adaptação ao modo asiático de trabalhar tem demandado um esforço adicional.
“Fazer com que as confecções cumpram nossos prazos é o maior desafio”, disse Fabiana à Folha. “As empresas querem trabalhar nos prazos que elas adotam com os magazines, mas isso não nos atende”, afirmou a executiva, referindo-se às demais redes varejistas de moda no Brasil.
A Shein atribui o sucesso de sua operação à produção sob demanda, sem desperdícios e com estoque mínimo. A companhia produz apenas um pequeno lote de 100 a 200 unidades por itens e mede a compra em tempo real, produzindo em maior escala somente os modelos que tiverem aceitação garantida.
No ano passado, segundo estimativas do banco de investimentos BTG Pactual, a Shein Brasil faturou R$ 7 bilhões um salto de 250% sobre os R$ 2 bilhões registrados em 2021, de acordo com o BTG.
Considerando apenas a receita bruta das redes de vestuário do país em 2022, comparável ao faturamento estimado de R$ 7 bilhões da Shein, a varejista asiática superou a Marisa (R$ 3,2 bilhões), e fechou o ano bem perto da C&A (R$ 8,2 bilhões) e da Guararapes, dona da Riachuelo (R$ 8,6 bilhões), de acordo com as estimativas do BTG. Renner continuou líder com folga: receita bruta de R$ 15,9 bilhões em 2022.
“Mas se a Shein tiver mantido o mesmo ritmo de expansão este ano, a empresa já ultrapassou a C&A”, diz Luiz Guanais, analista de consumo e varejo do BTG Pactual. O especialista destaca, porém, que o ano foi de altos e baixos para a Shein, justamente pelo esforço da empresa em nacionalizar a produção.
O Brasil foi o terceiro país do mundo em que a Shein passou a investir na força de produção local depois de China e Turquia. A ideia é que o país se torne um centro de distribuição de produtos para a América Latina. “O Brasil conta com uma grande capacidade têxtil já instalada, matéria-prima de boa qualidade, especialmente em algodão e jeans. Isso permite reduzir nossos custos logísticos e tornar o produto nacional até mais barato que o importado”, diz Fabiana.
DANIELE MADUREIRA / Folhapress