Silveira minimiza ligação para Boulos para tratar de Enel e diz que não entrará na eleição de SP

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, minimizou nesta quarta-feira (3) a ligação que fez para o deputado federal e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), para tratar da crise de energia elétrica em São Paulo, ignorando o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Silveira não explicou os termos da conversa com Boulos, apenas acrescentando que também conversou com outras autoridades sobre o assunto. E acrescentou que as críticas recebidas, como a de Nunes, são naturais, em “especial em momentos políticos”. Mas que ele próprio quer evitar polêmicas e não vai entrar na disputa eleitoral paulistana.

Como mostrou a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, Silveira telefonou para o deputado na segunda-feira (1º) para tratar da atuação da distribuidora de eletricidade Enel e da série de apagões recentes na capital paulista.

Na ligação, o ministro teria detalhado a determinação para que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) abra processo que pode levar à cassação da concessão da Enel e se colocou à disposição de Boulos no enfrentamento da questão. Silveira e o parlamentar devem se reunir em Brasília na próxima semana para tratar novamente do assunto.

O ministro afirmou que as críticas recebidas, como as do prefeito, são naturais. Ele, no entanto, não explicou exatamente por que ligou para Guilherme Boulos para tratar da crise da Enel. Apenas acrescentou que vem discutindo o assunto também com o governador Tarcísio Freitas (Republicanos) e outros parlamentares, lembrando apenas o nome de Arlindo Chinaglia (PT-SP).

“Passei a ter um contato quase que de meia em meia hora com o governador de São Paulo, o governador Tarcísio. E aí começamos a acompanhar de perto tanto com ele como com outros deputados, o deputado Arlindo Chinaglia, diversos outros parlamentares, contatos diários sobre a questão energética de São Paulo”, afirmou o ministro, ao ser questionado pela Folha de S.Paulo, após evento no Palácio do Planalto.

O prefeito Ricardo Nunes havia afirmado que o ministro demorou para dar atenção aos problemas de energia e que apenas decidiu adotar medidas por interesse político-eleitoral. “A cidade de São Paulo, por meses, vem sofrendo com o descaso dessa empresa, e em nenhum momento o ministro de Minas e Energia se dignou em ter alguma atitude”, afirmou o prefeito, também ao Painel.

Segundo o prefeito, o ministro tomou providência para “fazer política, usando o sofrimento da população”.

Silveira evitou entrar em polêmica direta com Nunes. Mas sugeriu que as críticas feitas pelo prefeito de São Paulo tem cunho eleitoral. E acrescentou que ele não pretende entrar na sua disputa.

“Nada mais fiz do que cumprir a minha obrigação. As críticas são sempre naturais, inclusive em especial em momentos políticos. O prefeito de São Paulo está vivendo um momento político, uma disputa política”, afirmou o ministro de Minas e Energia.

Nunes é pré-candidato à reeleição. Seu principal adversário deverá ser Boulos, apoiado pelo Palácio do Planalto. Outra pré-candidata é a deputada federal Tábata Amaral (PSB), que é correligionária do vice-presidente Geraldo Alckmin.

“O deputado Boulos, eu tenho que fazer justiça com ele também, tanto quanto o governador Tarcísio, todos os dois conversaram comigo sobre esse assunto. O tratamento do nosso governo, determinado pelo presidente Lula, todos conhecem bem: é tratar os governadores e os prefeitos de forma suprapartidária. Então, não vou entrar numa disputa eleitoral de São Paulo”, completou o ministro.

Nesta segunda-feira, o Ministério de Minas e Energia determinou à agência reguladora Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) a abertura de processo que pode levar à cassação da concessão da Enel em São Paulo.

Silveira enviou o ofício ao diretor-geral da agência, Sandoval Feitosa, com a solicitação. O documento cita a série de apagões recentes na cidade de São Paulo e fala em “histórico de falhas e transgressões” da empresa privada perante suas obrigações. O objetivo da pasta é saber se a Enel descumpriu com o contrato e se tem condições técnicas de seguir operando.

RENATO MACHADO / Folhapress

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