SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – O Só Pra Contrariar vestiu o pagode dos anos 1990 de terno e gravata em show neste sábado (25), no Festival de Verão Salvador. Não apenas de maneira literal, já que esta era a vestimenta predominante dos músicos no palco, mas também em termos sonoros.
A banda, em turnê de reunião com Alexandre Pires, seu vocalista original, tocou seu samba romântico com arranjos requintados. Além de bateria e da percussão numerosa, o show teve coro de backing vocals e naipes de cordas e metais, ainda que o cavaquinho tenha permanecido central na sonoridade.
O grupo mineiro, fundamental na popularização do pagode na década de 1990, tocou depois de Ana Castela na noite deste sábado no evento baiano. O festival, que acontece até domingo (26), tem Ivete Sangalo, Bell Marques, Léo Santana e BaianaSystem entre suas principais atrações.
O clima de romance ficou instaurado desde o início, com músicas como “Quando é o Amor”, “Meu Jeito de Ser” e “Interfone”. Mas a energia ficou palpável logo quando o grupo chamou ao palco Alcione, que entrou deslumbrante sob os gritos do público.
Ela disse que Alexandre Pires era o “negão” de “Meu Ébano” antes de cantar a música, em sintonia notável com o cantor. Alcione também cantou “Estranha Loucura” e “Você me Tira do Sério” antes de atender aos pedidos incessantes da plateia por “A Loba” e sair do palco cantando “Não Deixe o Samba Morrer”.
Com a Marrom no palco, foi interessante notar as conexões de gerações diferentes de sambistas que se notabilizaram por injetar romantismo no gênero. A presença melodiosa de sopros também realçou a conexão a influência do R&B e do soul americanos no pagode.
Dali em diante, o show só cresceu. Alexandre Pires puxou com o SPC uma sequência de versões de Bob Marley e emendou diversos hits. Foi de “Que se Chama Amor” a “Depois do Prazer”, passando por “Domingo” e “Sai da Minha Aba” –sucessos geracionais cantados em coro por uma plateia cheia.
LUCAS BRÊDA / Folhapress