SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Trump consegue o que quer e provoca um arrepio na espinha do mercado financeiro, Bolsa brasileira bate recorde, China reage à amizade entre EUA e Vietnã e outros destaques do mercado nesta sexta-feira (4).
**MAIS DE US$ 3,3 TRILHÕES EM DÍVIDAS**
Antes de discutirmos o noticiário, vamos pensar em unidades de medida. Um milhão, um bilhão e um trilhão podem até rimar, mas são muito diferentes. Para entender as diferenças entre eles, vamos usar unidades de tempo.
Somando um milhão de segundos, temos cerca de 11 dias. Um bilhão de segundos equivale a 31 anos. Já um trilhão de segundos, a 31.688 anos. Sentiu?
Tá na mão. Donald Trump conseguiu aprovar a grande e bela lei, como apelidou uma medida que muda impostos e subsídios no país.
A estimativa de economistas é que ela possa aumentar a dívida pública americana em até US$ 3,3 trilhões (R$ 17,8 trilhões) em dez anos. É muito e o mercado está preocupado.
Nesta quinta-feira (3), o Congresso aprovou o projeto de lei, segue para sanção presidencial;
A votação no Senado foi totalmente favorável, mas na Câmara dos Representantes, houve resistência passou por 218 votos contra 214.
O QUE A LEI PREVÊ?
Muita coisa, são mais de mil páginas. Nós detalhamos propostas menos óbvias presentes nela na edição do dia 5 de junho, que você encontra aqui. Aí vão as principais medidas:
Suspende impostos, incrementa recursos para a política de imigração como parte do esforço de Trump para deportar estrangeiros e amplia o gasto com defesa.
Com ela, o presidente cumpre propostas de campanha, como acabar com a cobrança de impostos sobre gorjetas e pagamentos de horas extras.
A medida libera a contratação de 10 mil agentes do ICE (órgão de imigração americano), para atingir a meta de 1 milhão de deportações por ano.
Ela reduz drasticamente os recursos disponíveis para o Medicaid, programa de saúde usado pelos americanos.
O projeto foi o principal motivo do rompimento entre Trump e o bilionário Elon Musk, que estava à frente de um dos departamentos governamentais. Desde que saiu da pasta, o magnata critica publicamente o PL, sobretudo pelo excesso de despesas.
**O QUE OS OLHOS NÃO VEEM, O CORAÇÃO NÃO SENTE (?)**
É melhor ser atacado pela frente ou pelas costas? Os chineses tentam responder a essa pergunta.
A China criticou ontem acordos comerciais que “prejudiquem terceiros” depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou um pacto tarifário com o Vietnã.
COMO ASSIM? Os dois países selaram um acordo na quarta-feira (2), o primeiro entre a gestão do republicano e um país asiático. Analistas afirmam que ele pode servir de base para Washington discutir pactos comerciais semelhantes com outras nações.
Ele estabelece uma tarifa de pelo menos 20% sobre as exportações vietnamitas;
É alta, mas é menor do que a prevista inicialmente, de 46%.
Calçados e roupas são os setores mais atingidos.
Os países têm até 9 de julho para chegar a um acordo com os americanos e não sofrer todos os efeitos do tarifaço aquele anunciado em 2 de abril, com direito a uma tabela gigante nas mãos e tudo.
DECEPCIONANTE?
O mercado não se empolgou tanto com a decisão, ao julgar que a alíquota anunciada é mais alta do que o esperado.
Em um primeiro momento, quando o tratado foi noticiado, os papéis de marcas de roupas, itens esportivos e calçados fabricados no Vietnã subiram, mas a escalada desacelerou com o detalhamento dele.
O assessor comercial de Trump, Peter Navarro, chamou o país asiático de “colônia da China” e afirmou que um terço dos produtos vietnamitas vem do rival.
SOLTANDO INDIRETAS
Os chineses não gostaram do aperto de mãos entre o vizinho e os americanos. Pequim se posicionou contra acordos comerciais que “prejudiquem terceiros”.
O Vietnã virou peça-chave na logística de importação de produtos da China, numa estratégia conhecida como transbordo.
Algumas empresas chinesas redirecionam suas mercadorias para o vizinho como forma de driblar tarifas.
Isso significa que a aproximação entre o Vietnã e os EUA não agrada Pequim e pode atrapalhar os seus planos.
**FALA VOCÊ!**
Todos conhecem a sensação de ver o telefone tocar e não querer atender. Fala que eu tô no banho!. Quem nunca? Os japoneses encontraram uma forma de evitar conversas desconfortáveis com os chefes e não é silenciar as notificações do Teams.
Lá, empresas estão oferecendo o serviço de pedir demissão para clientes que não querem passar por esse momento. Elas ligam para o RH, identificam o funcionário, explicam os motivos e pronto: caso encerrado. Sonho ou exagero?
Momuri… significa não aguento mais no idioma japonês. A palavra nomeia uma das empresas que oferecem a solução de demissionários por procuração. Eles representam funcionários que têm dificuldade em cortar laços com seus chefes.
QUANTO CUSTA?
Até 50 mil ienes, o que dá mais ou menos R$ 1.890. O serviço cresceu desde a pandemia, quando a cultura de trabalho japonesa foi confrontada com novos modos de pensar a labuta.
A noção tradicional do salaryman, aquele funcionário que trabalha em um mesmo escritório desde o momento em que sai da faculdade até o dia em que se aposenta, foi questionada e revista.
A hierarquia dentro das companhias japonesas é muito rígida, o que tolhe a desenvoltura para ter conversas desconfortáveis, segundo relatos dos clientes. O choque na cultura e a permanência de certas tradições levaram a uma solução esperta.
Cada caso é um caso. Alguns funcionários usam o serviço porque estão sendo intimidados ou assediados. Outros o fazem por terem enfrentado resistência depois de criar coragem para pedir demissão ou expressar suas preocupações.
MUDANÇAS
As gerações mais novas têm mais facilidade em sair de um trabalho do que as anteriores. Entre os japoneses de 20 a 30 anos, a rotatividade aumentou.
A tendência alcança trabalhadores em outras fases da carreira um feito e tanto em um país onde mudar de rumo profissional após os 35 anos era, até pouco tempo, um tabu.
**PARA VER**
Indústria Americana (2019)
American Factory. Netflix. 110 min.
Uma cidade americana moldada pela industrialização se vê pacata depois que fábricas saíram de Ohio e se espalharam por outras regiões do planeta. Quando mais uma planta fabril estava prestes a fechar, uma empresa chinesa assume seu controle.
O documentário dirigido por Steven Bognar e Julia Reichert evidencia os embates entre modelos de produção antigos e modernos, estilos de trabalho distintos e as diferentes realidades de trabalhadores nos dois lados da briga por influência no comércio global.
O longa é o primeiro assinado pela produtora de Barack e Michelle Obama. Vale ter isto em mente ao assistir.
Por aqui…A chinesa BYD abriu as portas da primeira fábrica no Brasil, em Camaçari (BA), antiga planta fabril da americana Ford detalhamos o assunto na edição de terça-feira da newsletter, que você encontra aqui. Daria para filmar o Indústria Americana 2 versão BR?
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
Olha o gás passando. A Argentina e o Paraguai vão estudar a construção de um gasoduto que pode ajudar o Brasil.
Chá até demais. Moda global do matchá sobrecarrega produtores da erva no Japão.
Nhac. O tubarão João Appolinário, dono da Polishop, tomou uma mordida de franqueados, que se revoltam e ameaçam entrar na Justiça.
LUANA FRANZÃO / Folhapress