Calorão: ventiladores somem das prateleiras em lojas de São Paulo

Com a testa molhada de suor, a atendente de telemarketing Josi Monteiro, 43, solta um palavrão seguido de um “mas não é possível” ao ouvir do atendente de uma unidade das lojas Americanas no centro de São Paulo que não há mais ventilador para vender.

“Já passei em três lojas nessa lua”, diz ela, apontando em direção ao sol que fazia São Paulo arder aos 36 graus na tarde desta quarta (15). Joana conta que ficou tranquila no ar condicionado da empresa no começo da semana, mas que o feriado em casa a fez correr em busca de um aparelho mais potente para refrescar a folga. Sem sucesso.

“É isso dez vezes por dia. Todo mundo procurando, mas não tem mais em nenhum lugar da região”, resume o vendedor, Lucas Barros.

O calorão fez paulistanos correrem para as lojas e esgotarem os estoques de ventilador, em falta em comércios de diferentes regiões da cidade visitados pela reportagem nesta quarta.

Os dezoito aparelhos que a unidade das Americanas próxima à Praça da República tinha foram vendidos na segunda (13) mesmo e não chegou mais reposição. Outras unidades das Americanas no centro também estão sem estoque, disse. “Só sobrou aqui um aquecedor que tem função de ventilar, mas é muito diferente. E como vou vender um aquecedor nesse calor?”, brinca o atendente.

Na verdade em falta mesmo estavam as unidades com base para colocar na mesa ou no chão, porque até havia dois ventiladores de teto à venda, que não interessavam aos clientes já que a instalação demanda uma pequena obra.

Era o mesmo caso da Leroy Merlin na avenida Castelo Branco, em frente à marginal Tietê. Havia alguns aparelhos de teto e de parede, mas nenhum para usar imediatamente. Por lá, mesmo a oferta de ar condicionado estava reduzida.

Próximo dali, em um hipermercado Carrefour no bairro do Limão, zona norte, não havia mais nem os de parede. Placas anunciavam promoções que não existem mais, apenas em prateleiras vazias.

No Brás, uma atendente das Casas Bahia alertou: só pela internet. Para pronta entrega, nenhuma loja da rede teria. “Hoje deu até dó. Era muita gente atrás. Mas não tem. Acabou, acabou. Nós também estamos aguardando”, disse a vendedora.

Quem compra pela internet deve assumir o risco de receber o aparelho depois que a onda de calor passar. Nas modalidades de entrega para o mesmo dia ou dia seguinte no Mercado Livre ou na Amazon, a oferta era também reduzida. Na Amazon, por exemplo, só havia um modelo da Mondial de 30 centímetros, dois pequenos de mesa, que o usuário liga a um computador com um cabo USB; e o restante de teto.

Já nos aplicativos Rappi e iFood era possível encontrar uma ou outra loja que entregava o aparelho no mesmo dia.

No Magazine Luiza, porém, a oferta era maior. A unidade da Sé, mais vazia em dia de feriado, tinha uma série de modelos de diferentes marcas.

Em uma loja da rede em um shopping da zona oeste também era possível encontrar alguns –se o cliente fosse rápido. Quando a reportagem chegou ao local, havia dois modelos disponíveis. Em seis minutos, um deles se esgotou, restando só o mostruário. Já na Vila Guilherme, zona norte, um funcionário disse por telefone que não havia mais nenhum.

A exceção foi uma loja da Multicoisas na avenida Angélica, repleta de aparelhos, onde o vendedor disse à reportagem que se anteciparam à onda de calor e encheram os estoques. Não era a regra, no entanto. Por telefone, a atendente de uma loja da mesma rede no Santana Parque Shopping, zona norte, avisou a reportagem que não valia a pena nem se dirigir ao local. “Você não vai achar nem aqui nem em nenhuma loja do shopping”.

THIAGO AMÂNCIO / Folhapress

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