Chefes diplomáticos de China e EUA se reúnem em Pequim

TAIPÉ, TAIWAN (FOLHAPRESS) – O ministro do exterior da China, Qin Gang, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, iniciaram por volta das 14h30 em Pequim (3h30 em Brasília) uma reunião prevista para se prolongar pela tarde –de início envolvendo as duas equipes diplomáticas, depois mais restrita aos dois.

Blinken desembarcou na manhã deste domingo (18) na capital chinesa para a primeira visita de um secretário de Estado em cinco anos. Em meio a uma crise diplomática e militar entre as maiores economias do mundo, o objetivo dos dois lados é reativar as comunicações e reduzir o risco de conflito.

O encontro foi precedido por declarações duras de Qin em telefonema com Blinken na quarta. “Desde o início do ano, as relações sino-americanas enfrentaram novas dificuldades e desafios. Está claro quem é o responsável”, teria dito ele, segundo comunicado da chancelaria chinesa, cobrando dos EUA que “parem de interferir em assuntos internos da China”, em referência a Taiwan.

De sua parte, ao embarcar em Washington, Blinken declarou: “O que estamos trabalhando para fazer nesta viagem é estabelecer linhas de comunicação regulares e sustentadas, em níveis elevados, para que possamos nos certificar de que estamos nos comunicando da forma mais clara possível para evitar, da melhor forma possível, mal-entendidos”.

A agenda de Blinken em Pequim só foi informada pelo Departamento de Estado no próprio domingo, prevendo, além do encontro com Qin, apenas um jantar a partir das 19h30, novamente com o ministro chinês.

Uma autoridade da chancelaria americana, falando informalmente a jornalistas, projetou também reuniões com empresários e estudantes e com o ex-ministro e agora maior autoridade em política externa do Partido Comunista, Wang Yi. Ao final da visita, na segunda pela manhã, horário de Pequim, o secretário de Estado deverá conceder uma coletiva.

Não há confirmação, nem mesmo informal, quanto ao encontro mais aguardado, de Blinken com o líder Xi Jinping. No sábado, em Washington, o próprio presidente Joe Biden declarou: “Espero que nos próximos meses eu me encontre com Xi novamente e fale sobre as diferenças legítimas que temos, mas também sobre como nos darmos bem”.

Na sexta, Xi havia se reunido publicamente em Pequim com o cofundador da Microsoft, Bill Gates, quando declarou “depositar esperança no povo americano” para seus países manterem a amizade. “Você é o primeiro amigo americano que encontrei em Pequim neste ano”, disse o líder.

A visita do secretário de Estado, considerado linha-dura contra a China, é vista como concessão de Pequim para receber depois a secretária do Tesouro, Janet Yellen, que se mostra mais favorável aos interesses chineses, contra a dissociação econômica dos dois países.

Xi vem alertando para o que chamou há duas semanas de “os cenários mais extremos”, dizendo não ter “ilusões” com os EUA. Falava a dirigentes militares, cobrando preparativos de fronteira. Na última semana, repetiu a imagem, “circunstâncias extremas”, ao orientar dirigentes empresariais a priorizar o mercado interno, reduzindo exposição externa.

De sua parte, a caminho de Pequim no sábado, Blinken telefonou aos chanceleres do Japão e da Coreia do Sul para “reafirmar o compromisso de ferro dos EUA com a defesa” dos dois países e também de “administrar com responsabilidade o relacionamento EUA-China”.

Prevista para fevereiro, a visita do secretário foi suspensa em meio à crise de um balão chinês, supostamente espião, que acabou sendo derrubado nos EUA. Nos últimos meses, Washington vinha solicitando o reagendamento de Blinken, sem sucesso. Também vinha solicitando o encontro dos respectivos chefes de defesa, igualmente negado por Pequim.

NELSON DE SÁ / Folhapress

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