O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tiveram uma conversa por telefone nesta terça-feira (2). Entre os assuntos discutidos na ligação, os líderes falaram sobre o combate ao crime organizado. Embora não tenha mencionado diretamente a atuação americana na Venezuela, Lula pediu cooperação dos EUA nesse tema. Segundo o Planalto, o diálogo durou cerca de 40 minutos e também tratou de questões relacionadas à agenda comercial e econômica.
“[Lula] Destacou as recentes operações realizadas no Brasil pelo governo federal com vistas a asfixiar financeiramente o crime organizado e identificou ramificações que operam a partir do exterior. O presidente Trump ressaltou total disposição em trabalhar junto com o Brasil e que dará todo o apoio a iniciativas conjuntas entre os dois países para enfrentar essas organizações criminosas”, diz nota do governo brasileiro.
O telefonema ocorre em meio à mobilização militar dos Estados Unidos no Caribe desde agosto, citada em carta do governo Nicolás Maduro divulgada no domingo (30). A operação conta com navios, caças, milhares de militares e o maior porta-aviões do mundo. Segundo a Casa Branca, o objetivo é combater o narcotráfico. Para Caracas, entretanto, a intenção não seria essa, mas sim derrubar o regime venezuelano.
O tema do crime organizado, que dominou parte da conversa, ganhou novo peso político após a megaoperação policial no Rio de Janeiro que deixou 121 mortos. O episódio intensificou o embate entre o governador Cláudio Castro (PL) e o governo federal, com o gestor fluminense acusando o Planalto de não oferecer suporte suficiente na segurança pública dos estados. Como resposta, o governo petista acelerou a tramitação de propostas de autoria da própria gestão no Congresso.
Entre as principais medidas estão a PEC da Segurança Pública, formulada pelo ministro Ricardo Lewandowski (Justiça), que estabelece diretrizes nacionais obrigatórias para os estados – iniciativa que enfrenta resistência de governadores.
Outro ponto de tensão é o PL Antifacção, alvo de disputa política após alterações feitas pelo relator Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de Segurança licenciado do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). O governo Lula é contra a equiparação de facções criminosas a grupos terroristas sob o argumento de que a proposta poderia abrir brecha para intervenção externa no Brasil.
Na ligação desta terça, além da pauta de segurança, Lula e Trump também trataram de questões econômicas e comerciais. O presidente brasileiro avaliou como “muito positiva” a retirada da tarifa adicional de 40% que incidia sobre produtos como carne, café e frutas. Ele também ressaltou que outros itens ainda tarifados precisam ser discutidos entre os dois países e reforçou a intenção do Brasil de avançar rapidamente nessas negociações.



