O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), por meio do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), esclarece que as comunidades indígenas venezuelanas, recebidas pela Operação Acolhida, em Roraima, não têm relação com população Yanomami, vítima de grave omissão em políticas sociais e do garimpo ilegal.
A presidenta do Conare, Sheila de Carvalho, explica que se trata de situações humanitárias distintas. “São mais de centenas de quilômetros que separam essas duas realidades humanitárias. Para além de serem demandas diferentes, aqui em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, há um sistema de acolhida, com apoio interministerial e de agências internacionais, que atende milhares de pessoas por dia – indígenas ou não. Enquanto isso, os Yanomami são indígenas brasileiros vivendo em comunidades no território nacional, onde, há anos, existe negligência sistêmica por parte do Estado, situação que gerou um genocídio desses povos que, por isso, necessitam urgentemente de uma ação emergencial”.
Ela destaca que, atualmente, existem cinco etnias principais de indígenas venezuelanos que buscam refúgio no Brasil e são recepcionadas no âmbito da Operação Acolhida: Warao (70%), os Pemón (24%), os Eñepá (3%), os Kariña (1%) e os Wayúu (1%). “É falsa toda e qualquer informação que tenta vincular as etnias indígenas venezuelanas que estão sendo recebidas pela Operação Acolhida da situação que está acontecendo com os povos indígenas Yanomami. São povos indígenas diferentes, com nacionalidades e necessidades distintas”, pontua.
População Yanomami
Representando o MJSP, Sheila de Carvalho visitou a Casa de Saúde Indígena (Casai), em Boa Vista (RR), que recebe indígenas brasileiros Yanomami que passam por situação de crise humanitária. “Os casos mais graves são trazidos para cá, onde estão sendo instalados hospitais de campanha, política de alimentação para combater a desnutrição, bem como o atendimento das demandas mais emergenciais das comunidades”, descreve Sheila.
A Presidenta do Conare também visitou o hospital municipal de atendimento infantil e se reuniu com autoridades e instituições locais, como a Secretaria de Desenvolvimento Social e a Defensoria Pública do Estado de Roraima para tratar das pautas humanitárias em Roraima.
De acordo com Sheila de Carvalho, o governo brasileiro está empenhado em desenvolver ações buscando preservar a sobrevivência dos indígenas Yanomami e para lhes garantir proteção. “Nos últimos dias foram distribuídas mais de 10 toneladas de alimentos para os territórios das comunidades Yanomamis e mais alimentos serão distribuídos nos próximos dias para a atender os núcleos de acolhimento que foram instaurados nas comunidades”, finaliza.