Líder da Jihad Islâmica preso por Israel morre após greve de fome, e tensão escala

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O membro da Jihad Islâmica Khader Adnan morreu nesta terça-feira (2) sob a custódia de Israel após uma greve de fome de 87 dias. O Estado hebreu havia detido o palestino no início de fevereiro e o manteve na prisão à espera do julgamento desde então —ele era acusado de envolvimento com o grupo radical, que Tel Aviv considera terrorista, e de incentivo verbal à violência.

A Jihad Islâmica jurou vingança pela morte do militante, provocando temores de uma nova escalada da violência na Faixa de Gaza —três foguetes e um projétil foram lançados a partir da área em direção a Israel na madrugada, de acordo com o seu Exército, atingindo apenas áreas afastadas ou próximas da fronteira. Mais tarde, uma contraofensiva isralense levou as duas forças a trocarem tiros na região.

Em nota, a Jihad Islâmica disse que a morte de Adnan havia sido “poderosa e honrosa” e que Tel Aviv “pagará o preço por este crime”. “Se o povo palestino não tivesse pessoas como Khader, nossa causa não teria repercussão”, disse Ziad al-Nakhale, dirigente da facção. Apesar de ter presença limitada na Cisjordânia, ela é o segundo grupo mais bem equipado de Gaza em termos de armas.

A região, aliás, amanheceu com centenas de pessoas reunidas em uma marcha em homenagem a Adnan. Já na Cisjordânia ocupada, comerciantes palestinos convocaram uma greve geral e fecharam suas lojas, e um israelense foi ferido após dois veículos serem atingidos por tiros, de acordo com as Forças Armadas de Tel Aviv.

A administração penitenciária de Israel informou que Adnan, que havia iniciado sua greve de fome assim que foi preso, em 5 de fevereiro, foi encontrado inconsciente em sua cela nesta terça e encaminhado então a um hospital, onde foi declarado morto após tentativas de ressuscitá-lo. As autoridades ainda afirmam que o militante havia recusado consultas médicas e ofertas de tratamento.

A versão é contestada pelo advogado de Adnan, Jamil Al-Khatib e por um médico de uma organização de direitos humanos que se reunira com ele dias antes, que afirmam que o governo se negou a oferecer ao palestino o acompanhamento devido.

“Exigimos que ele fosse transferido para um hospital civil, onde poderia ser assistido de maneira apropriada. Infelizmente, nossa demanda foi recebida com rejeição e intransigência”, afirmou Al-Khatib à agência de notícias Reuters.

As alegações foram ecoadas pela esposa do militante, Randa Moussa, entrevistada pela AFP em sua casa em Arraba, no norte da Cisjordânia, na sexta-feira. Ela ainda afirmou que as condições da detenção eram muito difíceis, e disse estar orgulhosa da morte do marido nas circunstâncias em que se deram.

Adnan havia realizado ao menos três greves de fome em protesto após ser preso por Israel desde 2011. A tática é usada por muitos outros prisioneiros palestinos, mas nenhum deles havia morrido desde 1992, três décadas atrás.

Redação / Folhapress

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