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Na ONU, Lula critica sanções, defende soberania e fala sobre conflitos internacionais

Discurso do presidente brasileiro abriu a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU)

Presidente Lula discursa na ONU | Foto: Ricardo Stuckert/PR
Presidente Lula discursa na ONU | Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nesta terça-feira (23). Durante sua fala, o líder criticou as sanções impostas pelo governo de Donald Trump, defendeu a soberania brasileira e cobrou maior comprometimento internacional no combate à fome, à pobreza e à crise climática. Além disso, Lula também defendeu o reconhecimento do Estado palestino e pediu diálogo para a guerra na Ucrânia.

Logo no início, o brasileiro afirmou que “atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando a regra”, em referência às medidas adotadas pelo governo americano, como a retirada dos Estados Unidos de instituições multilaterais, incluindo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Acordo de Paris sobre clima. Além disso, Trump também tem adotado ações unilaterais como as tarifas comerciais.

Lula destacou a resistência do Brasil diante do que chamou de ingerência externa apoiada por setores da extrema direita. Ele lembrou a recente condenação de Jair Bolsonaro, sem citar o nome do ex-presidente, como um marco histórico: “Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis”.

O petista afirmou que democracias sólidas dependem não apenas de eleições, mas da garantia de direitos básicos, como alimentação, saúde, educação e moradia.

“A pobreza é tão inimiga da democracia quanto o extremismo”, afirmou o presidente.

Ele disse ainda que a desigualdade de gênero e a violência contra a mulher enfraquecem as democracias.

Lula também comemorou a saída do Brasil do Mapa da Fome em 2025, mas lembrou que 670 milhões de pessoas ainda passam fome no mundo e que cerca de 2,3 bilhões ainda enfrentam insegurança alimentar. O presidente defendeu o redirecionamento de recursos de guerras para o desenvolvimento, o alívio da dívida externa de países pobres e o aumento da tributação sobre os super-ricos.

Lula falou também sobre a regulamentação das redes sociais. Segundo ele, a internet não pode ser “terra sem lei”.

“Regular não é restringir a liberdade de expressão. É garantir que o que já é ilegal no mundo real seja tratado assim no ambiente virtual. Ataques à regulação servem para encobrir interesses escusos e dar guarida a crimes, como fraudes, tráfico de pessoas, pedofilia e investidas contra a democracia”, afirmou.

Ainda sobre esse tópico, o presidente afirmou que promulgou na última semana uma das leis mais avançadas do mundo para a proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital.

Já sobre a política internacional, Lula defendeu que a América Latina continue sendo uma “zona de paz”.

“Somos um continente livre de armas de destruição em massa, sem conflitos étnicos ou religiosos. É preocupante a equiparação entre a criminalidade e o terrorismo. A forma mais eficaz de combater o tráfico de drogas é a cooperação para reprimir a lavagem de dinheiro e limitar o comércio de armas, disse.

A fala foi uma referência aos ataques dos Estados Unidos à embarcações venezuelanas. Segundo os americanos, as ações visam o combate ao tráfico de drogas e afirmam que possuem jurisdição para reprimir tais crimes. Os Estados Unidos tem equiparado o narcotráfico a terrorismo e ameaça enviar suas forças armadas para atuar contra essas práticas em outros países da América Latina.

Ainda em seu discurso, Lula defendeu a abertura de diálogo na Venezuela para resolver os conflitos, a estabilização do Haiti e criticou a inclusão de Cuba na lista de países que patrocinam o terrorismo.

Sobre a guerra na Ucrânia, o brasileiro afirmou que não existe solução militar e que é preciso considerar as preocupações de segurança de todas as partes.

Em um dos pontos mais duros de seu discurso, Lula criticou o que classificou como genocídio em Gaza, defendeu que os demais países reconheçam a Palestina como Estado e disse que o povo palestino corre o risco de desaparecer.

“Os atentados terroristas perpetrados pelo Hamas são indefensáveis sob qualquer ângulo. Mas nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em curso em Gaza. Ali, sob toneladas de escombros, estão enterradas dezenas de milhares de mulheres e crianças inocentes. Ali também estão sepultados o direito internacional humanitário e o mito da superioridade ética do Ocidente.”

No tema ambiental, Lula falou sobre a COP30, que será realizada em Belém, e afirmou que o evento será o momento para os líderes mundiais provarem seu compromisso com o planeta.

“O Brasil se comprometeu a reduzir entre 59 e 67% suas emissões, abrangendo todos os gases de efeito estufa e todos os setores da economia. Nações em desenvolvimento enfrentam a mudança do clima ao mesmo tempo em que lutam contra outros desafios. Enquanto isso, países ricos usufruem de padrão de vida obtido às custas de duzentos anos de emissões”.

O presidente encerrou o discurso reforçando a importância de um mundo multipolar e multilateral, com maior protagonismo do Sul Global, e homenageou personalidades como o papa Francisco e o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica.

*Com informações de Agência Brasil*

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