Pela primeira vez desde que começou a pandemia de infecção pelo coronavírus, Ribeirão Preto deixou de registrar novas notificações de casos suspeitos. O boletim epidemiológico divulgado no domingo mostrou que a cidade tinha 901 notificações de possíveis casos da doença. No documento divulgado na segunda-feira, o total permanecia inalterado.
Isso significa que, no período abrangido pelos relatórios, não houve nenhuma notificação de casos suspeitos nos hospitais da cidade. Já os registros de ocorrências confirmadas da doença subiram de 161 para 178, enquanto os casos descartados também tiveram alta, passando de 227 para 385. Nesta terça-feira, entretanto, o total subiu para 794 casos, voltando a apresentar alta. Houve, ainda, a confirmação da quinta morte causada pela covid-19 na cidade.
Segundo o médico José Sebastião dos Santos, ex-secretário da Saúde de Ribeirão Preto e gestor de saúde, os dados são positivos, mas devem ser abordados com cuidado. “Ainda é muito pouco para concluir que exista uma queda. A notificação é um processo burocrático e nem sempre reflete a realidade”, informa.
Ele ressalta, entretanto, que, em Ribeirão Preto, a situação, no geral, está sob controle. “Por ora, as coisas estão tranquilas, aqui no Hospital das Clínicas, e no sistema de saúde da região”, disse. “Mas acho que, na área médica, ainda não é momento de flexibilizar a quarentena”, finaliza.
Economia
No aspecto econômico, o professor Adriel Branco, doutor em Administração pela USP (Universidade de São Paulo) em Ribeirão, afirma que a crise causada pelo coronavírus pode ser a pior da história. “Os indicadores apontam que iremos retroceder, economicamente, em pelo menos uma década. E os setores de comércio de serviços, que são o forte de Ribeirão Preto, vão sofrer imediatamente”, conta.
Segundo ele, o governo federal tem acertado em tomar medidas de proteção aos empregos, mas a tendência é que, com o passar do tempo, seja cada vez mais difícil impedir o avanço da crise. “A tendência é uma recuperação quando a situação se modificar, mas certamente os efeitos da crise serão duradouros”, informou.
Apesar disso, Branco defende a manutenção do isolamento, embora avalie que Ribeirão Preto está em uma situação mais confortável em relação à outras regiões do Brasil, tanto por ter uma estrutura de saúde melhor e, principalmente, por ter adotado o distanciamento social com certa antecedência. “Entretanto, a Organização Mundial da Saúde estabelece seis critérios para o relaxamento das medidas de controle, entre elas o controle da transmissão e a capacidade para testar, isolar, tratar e rastrear os novos casos. Infelizmente, avalio que estamos distantes de atingir estes dois critérios”, informou.