Duas vítimas do ataque ao assentamento do Movimento Rural dos Trabalhadores Sem Terra (MST), em Tremembé, continuam internadas nesta segunda-feira (20), dez dias após o ocorrido. Outras duas pessoas morreram na ação – relembre abaixo.
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Ambas as vítimas estão internadas no Hospital Regional de Taubaté. De acordo com informações apuradas pela TV Thathi SBT, uma delas, um homem de 29 anos que foi atingido por um disparo na cabeça, encontra-se em coma, mas estável, e deve passar por uma nova cirurgia ainda esta semana.
Já a outra vítima, um homem que não teve a idade revelada, foi atingido na bacia e, nesta sexta-feira, encontrava-se fora de risco, mas ainda sob observação devido à imunidade baixa.
Na manhã de sábado (18), membros do MST fizeram um ato em homenagem às vítimas do ataque ao assentamento Olga Benário. O evento lembrou e prestou homenagem a Valdir Nascimento, de 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos, que foram mortos a tiros durante o ataque.
O ato aconteceu no Centro de Eventos de Tremembé e contou com a presença de autoridades, como o Ministro do Desenvolvimento Social e Agrário do Brasil, Paulo Teixeira, o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), César Aldrighi, e a superintendente regional do Incra em São Paulo, Sabrina Diniz.

O crime e prisões
O ataque aconteceu na noite do dia 10 de janeiro, no assentamento Olga Benário, na Estrada Kanegae, em Tremembé. Na ocasião, o caso foi registrado como homicídio e tentativa de homicídio.
As vítimas e testemunhas informaram a polícia que o local foi invadido por carros e motos durante a noite e as pessoas que estavam dentro dos veículos atiraram contra os moradores do assentamento.

Até a manhã desta segunda-feira (20), apenas um homem havia sido detido. Ele foi identificado como Antônio Martins dos Santos Filho, conhecido na região pelo apelido “Nero do Piseiro”. À polícia, o suspeito confessou ter ido ao assentamento, mas negou ter atirado contra os moradores.
Antônio teve prisão temporária decretada e permanecerá detido por, pelo menos, 30 dias. Ele é apontado pela Polícia Civil como mentor intelectual do crime e já tinha antecedente criminal por porte ilegal de arma de fogo.

Outros quatro suspeitos também foram identificados pela polícia, mas ainda não foram presos – as identidades deles não foram reveladas.
Um terceiro homem ainda foi preso logo após o crime por equipes da Polícia Militar por porte ilegal de arma de fogo. Contudo, até o momento, a ligação direta dele com o crime foi descartada, pois há indícios de que ele teria ido ao local para prestar socorro às vítimas.
Gaeco entrou na investigação
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) anunciou, na segunda-feira (13), que o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) vai ajudar na investigação do ataque ao assentamento do MST em Tremembé (SP).
O Gaeco informou que o objetivo de atuar em conjunto na investigação com as outras forças de segurança, como a Polícia Civil e a Polícia Federal, “é somar esforços para que o Ministério Público de São Paulo ofereça à sociedade paulista pronta resposta a este episódio de violência”.
A investigação inicial da Polícia Civil aponta que a causa do ataque foi uma disputa por um terreno que faz parte do assentamento. No entanto, como as análises ainda estão no início, a polícia não descarta outros cenários.
Perícia com uso de scanner 3D e drone
A Polícia Civil realizou, na tarde de terça-feira (14), uma nova perícia no assentamento Olga Benário, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a nova perícia, realizada pela Polícia Técnico Científica, contou com um equipamento scanner que faz análise 3D da área onde ocorreu o ataque, além do uso de drones.
Apesar da ação, ainda não há uma previsão de quando o inquérito do caso deve ser concluído. A investigação é realizada pela Polícia Civil, em parceria com a Polícia Federal e o Ministério Público de São Paulo.

Carro apreendido
A Polícia Civil apreendeu, na noite de segunda-feira (13) um carro suspeito de ter sido usado no ataque a um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
De acordo com o boletim de ocorrência, o veículo apreendido foi encontrado por volta das 20h50, em um terreno baldio na rua Comandante José Renato Cursino de Moura, no bairro Parque Aeroporto, em Taubaté, cidade vizinha ao ataque.
No local, os policiais fizeram campana e chegaram a ver uma pessoa passando pelo terreno baldio. Ao perceber a presença dos agentes, o suspeito pulou o muro e fugiu. Por causa da falta de iluminação na rua, ele não foi encontrado.
A polícia científica foi acionada e recolheu digitais no veículo.
