A crise de insegurança que atingiu os bancos nesta semana é mais um subproduto da arena ideológica instalada desde a crise do Tarifaço. Uma milícia de “papagaios de pirata”, travestidos de especialistas do apocalipse, espalhou terror em suas redes. Os alvos preferidos foram o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Mas será que há motivo para pânico?
Falando sobre a crise: ter um ministro da Suprema Corte do país sancionado pela Lei Global Magnitsky é algo inédito que precisa ser analisado. O ponto de contato com os bancos brasileiros é que, caso decidam manter relações comerciais com o ministro, podem se colocar sob risco de multas elevadas do governo dos EUA e de serem proibidos de operar em seu sistema financeiro.
Diante de um risco concreto, toman-se medidas concretas. E isso foi feito. Os bancos brasileiros, que não são nada amadores, nomearam escritórios de advocacia nos EUA, estabelecendo uma comunicação direta com os órgãos competentes. Internamente, a FEBRABAN, que representa o setor bancário, fez o mesmo junto às autoridades brasileiras.
Agora, falando do pânico: estudiosos das Finanças Comportamentais poderiam descrevê-lo como um pré-sintoma de um possível efeito manada, caracterizado por um comportamento de rebanho em que, ao ver outras pessoas correndo, indivíduos começam a correr também, sem saber exatamente por quê. Esse é exatamente a intenção dos precursores desta desorganização. Pânico é o que querem. Não estão preocupados com o seu bem-estar emocional ou financeiro. O que desejam é engajamento, curtidas e seguidores, mesmo que as custas do caos.
O sistema financeiro é um dos pilares de qualquer economia. O BB e a CEF, como são carinhosamente conhecidos, são patrimonios do Povo Brasileiro. Atacar estas instituições e a confiança do sistema financeiro de forma leviana é marcar gol contra o próprio time. É jogar contra o emprego, contra o sustento de milhões de brasileiros, pois desencoraja o investimento. Sem investimento não há crescimento econômico; sem confiança, temos terra arrasada. É isto o que se deseja? A máxima do quanto pior, melhor?
Não estou dizendo que devemos ser ingênuos. Devemos nos manter críticos a qualquer governante, seja qual for o seu espectro político. Há muito a se melhorar em nossa democracia, e isso passa, sim, por discutir os limites dos poderes dos ministros do STF. Mas certamente não será dando um tiro no pé da nossa soberania que iremos evoluir como nação.
FABIANO CORRÊA
Economista e especialista em Finanças Comportamentais
Autor da Coluna Econômia no Divã
@economianodivaoficial

