Paulistão recomeça sem alterações? 6 perguntas onde a resposta é “não”

Desigual: assim vai recomeçar o Paulistão 2020

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O Paulistão vai voltar dia 22 de julho. E muito diferente da competição que se iniciou em janeiro desse ano, por  mais que os dirigentes da FPF e da maioria dos clubes insistam que a bola precise voltar a rolar urgentemente daqui exatos 10 dias, em meio a pandemia que ainda  assusta com muitos casos e mortes de pessoas em Ribeirão Preto,  no estado de São Paulo, no Brasil e no mundo. 
O retorno será como um toque de mágica. Ou na velocidade de um toque de caixa no protocolo de inúmeras páginas à perder de vista estabelecido pela Federação Paulista de Futebol. Tamanho o número de ítens, recomendações, determinações e obrigações. Agora, se tivesse quase  tudo tranquilo, e um outro cenário, haveria tantas páginas nesse protocolo divulgado pela FPF? 
A postura da FPF e da maioria quase absoluta dos clubes no Conselho Técnico realizado essa semana por vídeo conferência teve a preocupação clara de fazer a bola rolar o mais rápido possível. No entanto, várias questões ainda não tiveram respostas convincentes daqueles que comandam o nosso futebol.
Veja abaixo todas as questões que muitos dirigentes ainda não conseguiram explicar, no ponto de vista de um campeonato que vai voltar às pressas com muitas mudanças, sim! Vejamos: 
1- Todas as regiões dos 16 clubes estão na fase amarela no plano de ação do governo do estado de São Paulo no combate ao Covid-19? Todas equipes poderão mandar seus jogos nos seus estádios?  
2- Os elencos se mantiveram os mesmos nesse período de interrupção? Os contratos de todos jogadores foram prorrogados e mantidos pelos clubes? 
3- O período de treinamento estabelecido pela FPF foi obedecido à risca por todas as equipes? Ninguém voltou aos treinos antes do determinado pela entidade ou escondido? 
4- Os 16 clubes tiveram o mesmo número de atletas infectados com o novo coronavírus? Foi uniforme essa pandemia para todas as equipes? 
5- Clubes respeitaram o chamado “fair-play” e não enfraqueceram seus futuros adversários? É normal um time “A” contratar  4 jogadores do time “B”, deixá-lo enfraquecido e aumentar suas chances de vitória para se classificar ou não cair? 
6- É justo, no aspecto físico e fisiológico, para os atletas profissionais, parados por mais de 3 meses voltar e com menos de 10 dias para treinar coletivamente já disputar uma partida oficial? 
Se as suas respostas para todas essas 6 questões foram “não”, o Paulistão vai voltar diferente. Vai recomeçar distinto daquele outro que teve inicio em janeiro. Por mais que nossos dirigentes insistam em afirmar que não se alterou nada, e tudo volta igual. 
A democracia do poder de voto de cada um dos clubes é extraordinária, mas desigual na prática nessa decisão de retorno do campeonato estadual  mais bem pago e valorizado do Brasil. 
Existe hoje um certo desespero para o Paulistão terminar e ter seus 24  jogos disputados no período de apenas duas semanas. E os motivos são claros. Um deles é a pressão da CBF, que marcou território, e decidiu que o Brasileirão vai começar dia 9 de agosto. Outra motivação é o endividamento da maioria quase absoluta dos clubes, loucos para receber a última parcela dos direitos de transmissão da TV Globo. Se eles não entrassem em campo, não receberiam a última parcela da TV. 

Aqui em Ribeirão Preto, o Botafogo está sentindo todo esse drama na pele. Sua diretoria já manifestou ser contrária a volta do Paulistão e ainda ameaça levar o caso para Justiça. Talvez se estivesse ocupando outra posição mais confortável na competição tal ameaça não existiria nesse momento. Mas a realidade é outra,  pelo fato de correr sério risco de cair.Com planejamento equivocado em mais um estadual e com elenco fraco, repete-se o drama do ano anterior. A folha de pagamento, mesmo que em dia com funcionários, comissão técnica e jogadores, diminuiu de maneira assustadora de 2019 para essa temporada. Nesse período o time de Claudinei Oliveira perdeu três jogadores. Outros estavam no departamento médico.  E nenhuma contratação foi realizada. Outro detalhe importante: o inferno astral vivido há um ano, da parceria e transformação do clube em S/A, ainda assusta muitos torcedores, sócios e conselheiros do Tricolor. Ao ponto de uma ação movida por botafoguenses na Justiça pedir a interrupção imediata  e fim da parceria com o novo sócio. As dívidas contraídas ao longo de décadas pelo Botafogo, e aumentadas por conta de muitos fatores atuais, assombram também, na mesma proporção que o rebaixamento. 
Enfim, resta ao Botafogo (dentro de campo), treinar, jogar e ganhar pelo menos um dos seus dois últimos jogos, contra Guarani e RB Bragantino. Só assim, escapando de cair para a Série A2 em 2021, terá um pouco de paz para começar já no dia 08 de agosto uma equilibrada Série B do Brasileiro. E dinheiro da TV garantido em caixa para o próximo Paulistão.