10 frases de Guimarães Rosa para refletir sobre a vida

“Viver é muito perigoso”, dizia Riobaldo, personagem do clássico “Grande Sertão: Veredas”. E é justamente nesse perigo que mora a beleza! As frases de Guimarães Rosa ecoam como um sussurro vindo do sertão profundo, atravessando o tempo, as páginas e o silêncio das madrugadas. Seus personagens, sempre entre o real e o fantástico, caminham por dentro da alma humana, carregando a linguagem como faca afiada — às vezes para cortar, outras para abrir caminho.

A literatura de Guimarães Rosa não se contenta em narrar. Ela provoca, reinventa e convida o leitor a entender (ou rever) o mundo,  reconstruindo significados, mergulhando na essência das coisas simples e complexas. Por isso, suas frases resistem ao tempo: são sementes de pensamento que florescem em cada leitor.

O universo de Guimarães Rosa

Poeta, diplomata, novelista, romancista, contista e médico brasileiro, considerado por muitos o maior escritor brasileiro do século XX e um dos maiores de todos os tempos, João Guimarães Rosa nasceu em 1908, na pequena cidade de Cordisburgo, interior de Minas Gerais. 

Desde cedo, teve fascínio por idiomas (ele dizia que “estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional”), mitologias e pelas histórias que corriam soltas pelas veredas sertanejas. Formou-se em Medicina, foi diplomata e chegou a representar o Brasil na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Mas foi como escritor que deixou seu maior legado: o de um Brasil profundo, rico e poético.

Sua obra-prima, “Grande Sertão: Veredas” (1956), é considerada um dos romances mais importantes da literatura brasileira e mundial. O autor reinventou a língua portuguesa ao retratar o sertão não apenas como um espaço geográfico, mas como um estado de espírito — um lugar de travessias, dores, epifanias e reinvenções. Seu vocabulário é uma colcha de retalhos costurada com erudição, escuta atenta e experimentação artística.

O romance, qualificado por Guimarães Rosa como uma “autobiografia irracional”, revolucionou a literatura brasileira e segue despertando o interesse de gerações e gerações de leitores. Ao atribuir ao sertão mineiro sua dimensão universal, a obra é um mergulho profundo na alma humana, capaz de retratar o amor, o sofrimento, a força, a violência e a alegria. 

Guimarães Rosa | Imagem: Folhapress

Realismo mágico, regionalismo, liberdade de invenções linguísticas e neologismos são algumas das características fundamentais da literatura de Guimarães Rosa, mas não as suficientes para explicar seu sucesso. O escritor prova o quão importante é ter a linguagem a serviço da temática e vice-versa, uma potencializando a outra.

Guimarães Rosa foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 6 de agosto de 1963, sendo o terceiro ocupante da cadeira n.º 2, que tem como patrono Álvares de Azevedo. Guimarães Rosa morreu em 1967, aos 59 anos, vítima de um ataque cardíaco.

Outras das suas obras de sucesso são: “Sagarana” (1946); “Primeiras Estórias” (1962), “Campo Geral” (1964) e “Tutaméia – Terceiras Estórias” (1967).

Ler o autor é mais do que compreender seus enredos: é experienciar a linguagem como um corpo vivo, que pulsa e transforma. E entre tantos tesouros deixados por ele, estão frases para refletir sobre a vida, que funcionam como pequenas chaves para abrir os olhos – e o coração.

10 frases de Guimarães Rosa para refletir sobre a vida

  1. “Viver é muito perigoso.”
    Grande Sertão: Veredas, 1994
  1. “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”
    Grande Sertão: Veredas, 1994
  1. “Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.”
    Grande Sertão: Veredas, 1994
  1. “Felicidade se acha é em horinhas de descuido.”
    Tutaméia – Terceiras Estórias, 1967
  1. “O real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.”
    Grande Sertão: Veredas, 1994
  1. “O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando.”
    Grande Sertão: Veredas, 1994
  1. “Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.”
    Grande Sertão: Veredas, 1994
  1. “A colheita é comum, mas o capinar é sozinho”

Grande Sertão: Veredas, 1994

  1. A gente principia as coisas, no não saber por que, e desde aí perde o poder de continuação, porque a vida é mutirão de todos, por todos remexida e temperada.

Grande Sertão: Veredas, 1994

  1. “Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas.”

Grande Sertão: Veredas, 1994

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS