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7 poemas sobre decepção e amor não correspondido

A poesia brasileira transforma a dor do amor em arte; conheça versos sobre desilusões e paixões frustradas

O amor inspira, mas também fere. A literatura brasileira está repleta de versos que traduzem as dores do sentimento não correspondido e das decepções amorosas. Selecionamos 10 poemas de autores clássicos e contemporâneos que capturam esses momentos com beleza e intensidade.

1. “Soneto de Separação” – Vinicius de Moraes

Vinicius de Moraes é um dos grandes mestres da poesia amorosa, e este soneto é um dos mais marcantes sobre a dor da despedida.

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

2. “Ausência” – Carlos Drummond de Andrade

Drummond, com sua linguagem direta e melancólica, descreve a permanência do amor mesmo na ausência.

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.”

3. “Retrato” – Cecília Meireles

A delicadeza da poesia de Cecília se manifesta na forma como ela expressa a passagem do tempo e o vazio deixado por um amor perdido.

“Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.”

4. “Traduzir-se” – Ferreira Gullar

O poeta maranhense explora a dualidade do amor e da dor em sua reflexão sobre identidade e sentimentos.

“Uma parte de mim é todo mundo
Outra parte é ninguém: fundo sem fundo
Uma parte de mim é multidão
Outra parte estranheza e solidão.”

5. “Tarde” – Olavo Bilac

Bilac expressa a melancolia de um amor que se perde no tempo, deixando apenas lembranças.
” Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas”.

6. “Ismália” – Alphonsus de Guimaraens

O poema explora a loucura de Ismália, que, ao tentar alcançar seu sonho impossível, se lança da torre. Ele simboliza a dor da busca por um amor inatingível e o desespero diante da realidade.

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar…
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar…

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar…
Estava perto do céu,
Estava longe do mar…

E como um anjo pendeu
As asas para voar…
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar…

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar…”

7. “Canção do vento e da minha vida” – Mário Quintana

Quintana fala sobre as ilusões do amor e o desencanto com ternura e suavidade.

Da vez primeira em que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha…
Depois, de cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha…

E hoje, dos meus cadáveres, eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada…
Arde um toco de vela, amarelada…
Como o único bem que me ficou!

Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada!
Ah! desta mão, avaramente adunca,
ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!

Aves da Noite! Asas do Horror! Voejai!
Que a luz, trêmula e triste como um ai,
A luz do morto não se apaga nunca!

A poesia é um refúgio para quem já sentiu a decepção ou a dor de um amor não correspondido. Esses versos são prova de que a literatura transforma a tristeza em arte.

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