Aniversariantes da MPB da Semana – PARTE 1

por Lívia Nolla

Esta é uma semana especial para a MPB. São vários os nomes da nossa música que nasceram entre 05 e 11 de fevereiro e nós preparamos uma série de três matérias para homenagear esses aniversariantes musicais!

Esta é a primeira parte! Vamos lá?

05 de fevereiro

Edgard Scandurra

Completando 63 anos neste 05 de fevereiro, o multi-instrumentista, cantor e compositor paulistano Edgard Scandurra tem mais de quatro décadas de dedicação à música brasileira e contribuiu para a nossa história com mais de 90 álbuns gravados, sendo oito discos solo ou em parceria, 53 como integrante de outros projetos e bandas e 32 participações e produções.

Da icônica banda paulistana IRA! ao projeto musical infantil Pequeno Cidadão, passando por Arnaldo Antunes, Paralamas do Sucesso, Marina Lima, Otto, Karina Buhr, entre outros, o músico soma um registro potente.

Aos 5 anos de idade, Scandurra já assistia de perto os ensaios da banda do irmão que, nas horas vagas, o deixava tocar um pouco a guitarra e violão. Aprendeu alguns acordes e transformou o violão em seu brinquedo favorito na infância e adolescência.

Em 1977, formou sua primeira banda, um trio chamado Subúrbio que revelou suas primeiras composições de músicas e letras. Edgard começou a carreira musical aos 15 anos, em um show no no clube paulistano A Ponto. Mas, depois de 5 anos, a carreira foi interrompida por uma convocação pelo serviço militar (experiência que inspiraria um dos maiores sucessos do IRA!, Núcleo Base).

A banda Ira! – da qual foi um dos fundadores (em 1981), guitarrista e compositor – foi um salto importante na carreira profissional de Edgard Scandurra, em 1981, e abriu espaço para colaborações em outros projetos da cena alternativa paulistana, como a banda feminina As Mercenárias, na qual tocou bateria de 1982 a 1984; e as bandas Smack e Cabine C, nas quais tocava guitarra.

Consagrado por seu estilo único em riffs e solos de guitarras, Scandurra é um canhoto que não inverte as cordas para tocar. Gravou a guitarra de diversos álbuns do parceiro Arnaldo Antunes, e colaborou com artistas como Karina Buhr, Bárbara Eugênia e Marcelo Jeneci.

Em 2009, junto com Arnaldo, lançou o projeto Pequeno Cidadão, voltado para o público infantil, e desde 1996 está na ativa com seu trabalho de organoeletrorock” (como ele mesmo define) chamado BENZINA.

Eleito pela revista Rolling Stone um dos 100 artistas mais importantes da história da MPB de todos os tempos, o artista transita com total desenvoltura em todos os palcos, sejam alternativos ou principais, como um operário do rock, a serviço de seu instrumento e de sua arte.

6 de fevereiro

Dona Zica da Mangueira | Foto: Lalo de Almeida (Folhapress)
Dona Zica da Mangueira | Foto: Lalo de Almeida (Folhapress)

Dona Zica

Primeira Dama do Samba, sambista da velha guarda da Estação Primeira de Mangueira, liderança e referência feminina no Morro da Mangueira e também esposa de Cartola.

Dona Zica nasceu Euzébia Silva do Nascimento, em 06 de fevereiro de 1913, em um domingo de Carnaval, no bairro da Piedade, no Rio de Janeiro.

Órfã de pai, que morreu quando ela tinha apenas um ano de idade, foi criada pela mãe lavadeira e mudou-se ainda pequena com a família para a comunidade do Buraco Quente, onde tornou-se uma das primeiras integrantes da Estação Primeira de Mangueira, tendo participado do 1° desfile da agremiação, em 1928.

Dona Zica casou-se, ainda muito jovem, com um craque de futebol do bairro, Carlos Dias do Nascimento, com quem teve seis filhos. Com a morte do marido, após 20 anos de casamento, trocou a fábrica de tecido onde trabalhava pela cozinha de uma das grandes sociedades do carnaval carioca, o Clube Bola Preta. Foi lavadora de pratos, ajudante de cozinha e, finalmente, cozinheira.

Cartola também se casou, porém não teve filhos. Após ficar viúvo, viveu mais de 10 anos longe do Morro da Mangueira. Um dia, voltou e reencontrou sua antiga amiga, Zica, e passou a namorá-la. Casaram-se em 1954 e viveram juntos por 26 anos, até a morte de Cartola.

O talento gastronômico de Dona Zica, foi decisivo na alavancada obtida na vida do casal. Zica é considerada responsável por ser a maior incentivadora de Cartola a voltar para o Morro da Mangueira e para o samba. Ao lado de Zica, Cartola passou de lavador de carros, a contínuo do Diário Carioca, cobrador e, finalmente, funcionário público.

Responsável pela zeladoria de um velho prédio na Rua dos Andradas, centro do Rio, sede da Associação das Escolas de Samba, o casal faz do lugar um ponto de encontro, que mais tarde viraria o maior celeiro do samba de todos os tempos: o bar e restaurante Zicartola.

Com Cartola comandando a música e Dona Zica na cozinha, o Zicartola é considerado um marco na noite carioca. Fundado no início da década de 1960, o espaço possibilitou também o resgate de velhos sambistas como Nelson Cavaquinho, Ismael Silva e Zé Kéti e deu espaço para o surgimento de uma nova geração do samba e da MPB. O restaurante não durou muito, mas foi na sua época áurea que Zica e Cartola oficializaram sua união na igreja.

Uma das mais belas composições de Cartola, o samba Nós Dois, foi escrito especialmente para a ocasião do casamento. Mesmo com a morte do poeta – aos 72 anos, em 1980 – Dona Zica continuou exercendo seu papel de liderança e referência para a preservação da identidade do samba carioca.

Ela coordenou, durante muitos anos, a confecção de fantasias da escola e foi uma das principais pastoras da Velha Guarda da Mangueira, desde que o grupo foi fundado em 1965.

Em 2003, no ano que nos deixou, a grande dama da verde e rosa nos deixou em 2003, aos 89 anos, vítima de uma parada cardiorrespiratória.

 

Jair Rodrigues | Foto: Guilherme Lara Campos (Folhapress)
Jair Rodrigues | Foto: Guilherme Lara Campos (Folhapress)

Jair Rodrigues

Se não tivesse nos deixado em maio de 2014, aos 75 anos, vítima de um infarto agudo do miocárdio, o grande Jair Rodrigues estaria completando 83 anos neste 06 de fevereiro de 2024.

Um dos maiores nomes de todos os tempos da música brasileira, cantor talentosíssimo, dono de uma irreverência e personalidade única, presença de palco marcante, Jair Rodrigues é também considerado o primeiro rapper brasileiro.

Foi precursor do gênero ao lançar, em 1964, a canção Deixa Isso Pra Lá, de Alberto Paz e Edson Meneses, com versos mais declamados do que cantados.

Nascido no interior de São Paulo, Jair iniciou a carreira depois de conquistar o primeiro lugar em um programa de calouros na Rádio Cultura e tornar-se crooner, cantando em casas noturnas de São Carlos, em meados da década de 50.

Mudou-se para São Paulo e lançou o seu primeiro disco em 1964, que continha o sucesso O Morro Não Tem Vez, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Mas foi no segundo álbum, que trazia Deixa Isso Pra Lá, que ele atingiu sucesso nacional e tornou-se conhecido e admirado no Brasil inteiro.

Em seguida, consolidou-se de vez como um dos maiores artistas do país, ao vencer o II Festival da Música Popular Brasileira, em 1966, defendendo – em uma interpretação inesquecível – Disparada, de Geraldo Vandré e Théo de Barros, e empatando com A Banda, de Chico Buarque (Chico não aceitou vencer de Jair e foi até o júri dizer que se não dessem o prêmio ao colega, não aceitaria o seu).

Depois, Jair Rodrigues não parou mais: gravou centenas de sucessos em mais de 50 discos; fez turnês pelo Brasil e pelo mundo e comandou o famoso programa O Fino da Bossa, ao lado de Elis Regina, na TV Record, entre 1965 e 1967. Com a parceira, lançou três LPs ao vivo: um deles, Dois na Bossa, foi o primeiro disco brasileiro a vender um milhão de cópias.

Outras canções de sucesso na sua voz são: O Morro Não Tem Vez (de Tom Jobim e Vinicius de Moraes); Tristeza (de Haroldo Lobo e Niltinho Tristeza); Festa Para Um Rei Negro (Samba-enredo da Escola de Samba Salgueiro, de Zuzuca, 1971);  Majestade, O Sabiá (de Roberta Miranda); Diz Que Fui Por Aí (de Zé Kety e Hortêncio Rocha); Foi um Rio que Passou em minha Vida (de Paulinho da Viola); Triste Madrugada (de Jorge Costa) e Consolação (de Baden Powell/Vinicius de Moraes).

Seus talentosíssimos e igualmente carismáticos filhos Jair Oliveira e Luciana Mello, estão aí para dar continuidade ao seu legado e a essa linda história que Jairzão – com seu sorriso e vozeirão imensos – construiu na música popular brasileira.

Ana Vilela | Foto: Divulgação
Ana Vilela | Foto: Divulgação

Ana Vilela

Ana Vilela é outro nome da MPB que comemora mais um ano de vida em 06 de fevereiro.

Sucesso da nossa música contemporânea brasileira, a cantora e compositora paranaense completa 26 anos em 2024.

A jovem artista, que foi criada pelos avós paternos, sempre foi incentivada pela família a se envolver com o mundo da música. Aos 12 anos, Ana aprendeu a tocar violão com o tio e aos 14, já compunha.

Com 18 anos, Ana trabalhava em um projeto social em que dava aula de música para crianças e prestava vestibular para Letras, e – durante um período de reflexão e autoconhecimento – compôs a música Trem-Bala e compartilhou pelo Whatsapp com os amigos.

O single, que rapidamente foi sendo compartilhado em grupos de Whatsapp, chegou ao celular de algumas celebridades como o cantor Thiaguinho e a top model Gisele Bundchen. Esta última resolveu fazer uma versão da música e gravou um vídeo que logo viralizou.

Trem-bala ganhou a internet e o mundo. Hoje, o videoclipe publicado por Ana Vilela, acumula mais de 250 milhões de visualizações. Ana também encantou outros ídolos com o single e teve a chance de cantar ao lado de alguns deles, como: Luan Santana e Maria Gadú.

Em 2017, a cantora lançou seu primeiro álbum, Ana Vilela. Em 2019, foi a vez de Contato e agora, em 2024, Ana lançou Melhor Que Ontem, e contou tudo sobre o álbum para Roberta Tiepo e Fabiane Pereira no programa Radar Novabrasil. Confira!

 

 

Parabéns aos aniversariantes!

Amanhã nós voltamos com a segunda parte desta matéria.

 

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