Você sabia que a música “É Preciso Saber Viver“, um dos maiores sucessos do rei Roberto Carlos – aniversariante do dia – possui três versões diferentes?
Hoje, 19 de abril, é um dia especial para a MPB: o rei Roberto Carlos completa mais um ano de vida! E – para homenageá-lo nesta data especial – nós vamos te contar a história da música “É Preciso Saber Viver”, um de seus maiores sucessos e que possui três diferentes versões.
Parceria entre Roberto Carlos e seu grande amigo e mais constante parceiro Erasmo Carlos, “É Preciso Saber Viver”, foi lançada originalmente pela dupla Os Vips – formada pelos irmãos Márcio e Ronald Antonucci – em 1968 – no disco “As 14 Mais – Vol XXII”, que incluía diversos sucessos da época, interpretados por diferentes artistas.
Inspirada na canção “It’s Over”, de Elvis Presley – de quem Roberto e Erasmo eram muito fãs – a mesma versão da canção foi incluída na trilha sonora do filme “Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa”, de 1970, sendo interpretada por Roberto, Erasmo e Wanderléa.
Acontece que, Roberto Carlos mandou a letra da música que ele e Erasmo compuseram para a primeira gravação dos Vips, de forma muito apressada para o Márcio Antonucci, porque a dupla estava já esperando para gravar a música em estúdio no dia seguinte e o Rei tinha ido fazer uma turnê nos Estados Unidos e não tinha enviado a canção ainda.
Roberto então ligou para o Márcio durante a madrugada e cantarolou a letra da música, enquanto Márcio registrava – pelo telefone – a canção em um gravador durante a madrugada anterior à gravação dos Vips.
Márcio e Ronald entraram no estúdio no dia seguinte e registraram a música.
Anos mais tarde, quando o próprio Roberto Carlos foi regravar a canção, em seu álbum de 1974, o Rei esqueceu um pedaço da música e gravou assim mesmo.
Então, a versão de Roberto Carlos – e também a de Erasmo – que regravou “É Preciso Saber Viver” em 1996, saíram sem uma parte da letra.
A versão dos Vips – a completa e original – era:
“Quem espera que a vida
Seja feita de ilusão
Pode até ficar maluco
Ou morrer na solidão
É preciso ter cuidado
Pra mais tarde não sofrer
É preciso saber viver
Toda pedra do caminho
Você deve retirar
Numa flor que tem espinhos
Você pode se arranhar
Se o bem e o mal existem
Você pode escolher
É preciso saber viver
Mas se você caminhar comigo
Seja qual for o caminho eu sigo
Não importa aonde eu for
Eu tenho o amor, eu tenho o amor
É preciso saber viver”
Já a versão de Roberto Carlos e de Erasmo Carlos – que depois ganhou uma releitura da banda Titãs em 1998 – que tornou a canção ainda mais conhecida nacionalmente, ficou sem essa última parte, tendo apenas as duas estrofes e o refrão.
Tá! Mas e a terceira versão? A terceira versão é aquela que Roberto Carlos passou a cantar depois de um tempo, quando deixou de usar as palavras “mal” e “morte” em suas canções.
Ele cantava “É Preciso Saber Viver” desta forma:
“Quem espera que a vida
Seja feita de ilusão
Pode até ficar maluco
Ou viver na solidão
É preciso ter cuidado
Pra mais tarde não sofrer
É preciso saber viver
Toda pedra do caminho
Você deve retirar
Numa flor que tem espinhos
Você pode se arranhar
Se o bem e o bem existem
Você pode escolher
É preciso saber viver
Mas se você caminhar comigo
Seja qual for o caminho eu sigo
Não importa aonde eu for
Eu tenho o amor, eu tenho o amor
É preciso saber viver”

Sobre Roberto Carlos, compositor de “É Preciso Saber Viver”
O cantor e compositor nascido em Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, aprendeu a tocar piano e violão ainda criança, primeiro com sua mãe e depois no Conservatório Musical de sua cidade natal.
Foi incentivado pela mãe que ele cantou pela primeira vez em um programa infantil de rádio na sua cidade, do qual – depois – tornou-se atração assídua. Cantava boleros e também Bob Nelson, ídolo da época, brasileiro que cantava música country em português.
Nos anos 50, Roberto Carlos mudou-se para o Rio de Janeiro e entrou em contato com o rock’n roll e o rockabilly. Seu primeiro conjunto musical chamava-se The Sputiniks e tinha Tim Maia em sua formação. O grupo passou a se apresentar no programa Clube do Rock, de Carlos Imperial. Foi nesta época que conheceu Erasmo Carlos, seu maior parceiro musical de toda a vida.
No início da década de 60, Roberto começou sua carreira solo, apresentando-se como crooner na boate do Hotel Plaza, em Copacabana, sob influência do samba-canção e da bossa nova.
Ele e Erasmo, que eram grandes fãs de Elvis Presley, resolveram investir na música jovem da época e passaram a compor muito juntos. São desta época músicas como:
- Splish Splash
- Parei na Contramão
- É Proibido Fumar
- Quero que tudo vá pro inferno
- O Calhambeque.
Junto com Erasmo Carlos e Wanderléa, Roberto foi convidado para apresentar o programa de televisão Jovem Guarda, na TV Record, e a partir daí, os três artistas tornaram-se os grandes responsáveis pelo primeiro movimento musical do rock brasileiro, chamado primeiramente de Iê-iê-iê e depois de Jovem Guarda. O sucesso foi tanto, que Roberto tornou-se um fenômeno nacional e foi lançado como ídolo de uma geração.
A partir da década de 70 – com o fim da Jovem Guarda – Roberto Carlos passou a fazer canções mais românticas e ganhar a admiração do público adulto e também internacional.
Entre 1961 e 1998, o Rei lançou um disco inédito por ano. É o artista solo com mais álbuns vendidos na história da música popular brasileira, tendo vendido mais de 140 milhões de cópias no Brasil e no mundo, incluindo gravações em espanhol, italiano, inglês e francês.
Lançou muitas outras canções de sucesso estrondoso como:
- Emoções
- Como é Grande o Meu Amor por Você
- Quando
- De que Vale tudo isso
- Outra Vez
- Por isso eu corro demais
- Detalhes
- Jesus Cristo
- Se você pensa
- As canções que você fez pra mim
- Eu sou terrível
- Todos Estão Surdos
- Amigo
- Debaixo do Caracóis dos seus Cabelos
- As curvas da estrada de Santos
- Além do Horizonte
- Detalhes
- Sua Estupidez
Muitas dessas em parceria com Erasmo Carlos.
Seu sucesso inédito mais recente foi a canção “Eu Ofereço Flores”, lançada no fim de 2023, uma espécie de agradecimento do cantor aos fãs. Foi a primeira música inédita lançada pelo Rei em anos, as últimas haviam sido “Esse Cara Sou Eu” e “A Mulher que Eu Amo”, ambas em 2012.
Muitos dos grandes artistas da nossa música fizeram regravações das canções de Roberto, como Caetano Veloso, Gal Costa, Maria Bethânia, Elis Regina, Nando Reis, Vanessa da Mata, Lulu Santos, Marisa Monte, Adriana Calcanhoto e bandas como Skank, Kid Abelha, Barão Vermelho e Titãs. Nomes internacionais também gravaram Roberto Carlos, como Julio Iglesias e Jennifer Lopez.
Além de tudo isso, durante sua carreira, o Rei ganhou diversos Grammy, foi enredo campeão de escola de samba, gravou filmes e atingiu o topo da parada latina da Billboard.