As doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa de morte no Brasil — e o tabagismo segue como um dos maiores responsáveis por esse cenário. Só em 2023, o país registrou mais de 105 mil óbitos por acidente vascular cerebral (AVC), segundo o DataSUS. Quando somados aos casos de infarto agudo do miocárdio, o impacto é o de uma verdadeira epidemia silenciosa.
“O cigarro ainda é um dos protagonistas dessa tragédia. Fumar chega a triplicar o risco de infarto e AVC”, afirma o cardiologista Rodrigo Almeida Souza, membro da Brazil Health. Segundo ele, o problema não se limita aos fumantes ativos: a exposição ao fumo passivo também aumenta significativamente o risco cardiovascular.
Coração sob ataque: como o cigarro agride o sistema circulatório
A nicotina tem ação quase imediata: poucos segundos após a tragada, ela ativa o sistema nervoso simpático, elevando a pressão arterial e a frequência cardíaca. Além disso, provoca alterações no perfil lipídico — aumentando o colesterol ruim (LDL) e reduzindo o bom (HDL) — e interfere na coagulação do sangue, facilitando a formação de coágulos que podem obstruir artérias.
“O cigarro tradicional, os vapes e até a exposição ao fumo alheio aumentam o risco de complicações cardíacas. E com a popularização dos cigarros eletrônicos entre os jovens, estamos criando uma geração com alto potencial de dependência e dano cardiovascular precoce”, alerta o especialista.
Dados que preocupam
- Mais de 105 mil mortes por AVC no Brasil em 2023
- 25% dos casos de infarto estão ligados ao tabagismo
- 8 milhões de mortes por ano no mundo relacionadas ao cigarro, segundo a OMS
- 1 milhão dessas mortes ocorrem em pessoas que não fumam, mas são expostas à fumaça
Parar de fumar é possível — e salva vidas
A boa notícia é que os efeitos do cigarro no coração começam a ser revertidos logo nas primeiras horas após a última tragada. A pressão arterial tende a normalizar, o sangue se torna menos viscoso e o risco de eventos cardiovasculares diminui progressivamente.
“Parar de fumar é sempre possível. Programas estruturados de cessação do tabagismo aumentam as chances de sucesso. E mudanças no estilo de vida, como alimentação saudável e atividade física regular, potencializam os benefícios”, orienta o cardiologista.

Mais que uma escolha pessoal, uma decisão coletiva
O tabagismo gera impactos sociais e econômicos consideráveis. Segundo dados do Ministério da Saúde, o SUS gasta bilhões por ano com internações, medicamentos e reabilitação decorrentes de doenças causadas pelo cigarro. Além disso, o fumo prejudica a qualidade de vida de familiares, cuidadores e colegas de trabalho.
“O futuro da saúde cardiovascular no Brasil depende das decisões que tomamos hoje. Informar, orientar e apoiar quem deseja parar de fumar é uma missão de todos”, conclui Rodrigo Almeida Souza.



