Não é preciso viver em situação de vulnerabilidade para apresentar deficiência nutricional. No Brasil, muitas crianças com acesso à alimentação aparentemente saudável ainda sofrem com a carência de micronutrientes essenciais ao crescimento. “A seletividade alimentar e os hábitos da família são fatores-chave nesse cenário, mais do que a renda”, explica o pediatra Alessandro Danesi, head nacional de Pediatria da Brazil Health.
Ferro, cálcio, zinco e vitaminas: os mais afetados
A anemia por deficiência de ferro ainda é a mais comum e impacta diretamente a cognição e o sistema imunológico. Já a carência de cálcio pode comprometer o crescimento ósseo e o desenvolvimento dos dentes. O zinco, essencial para a imunidade e o crescimento físico, também está entre os mais deficientes. “Mesmo com boa oferta alimentar, quando a dieta é limitada em variedade, o risco aumenta”, afirma Danesi.
Para evitar deficiências, os especialistas recomendam pratos coloridos e atrativos, evitar substituições por “alimentos preferidos” e manter uma rotina alimentar firme. “O exemplo dos pais e a exclusão de ultraprocessados em casa são medidas simples e eficazes”, destaca o pediatra.

Quando a suplementação é necessária
Em crianças muito seletivas ou com rejeição a grupos alimentares inteiros, pode ser preciso suplementar com multivitamínicos e minerais — sempre com indicação médica. “Nesses casos, o acompanhamento multidisciplinar é essencial, envolvendo pediatra, nutricionista e, se necessário, fonoaudióloga”, orienta Danesi.
A reposição adequada de micronutrientes é decisiva para garantir uma infância saudável. Mais do que corrigir o prato, é preciso transformar hábitos — com cuidado, paciência e informação.


