O Brasil enfrenta um desafio no combate às mudanças climáticas. Segundo o cientista e ambientalista Carlos Nobre, 75% das emissões de gases de efeito estufa do país em 2022 vieram do desmatamento e da agropecuária. O alerta foi dado durante sua participação no Jornal Novabrasil, apresentado por Heródoto Barbeiro.
“No Brasil, 50% das emissões vêm do desmatamento, principalmente da Amazônia e do Cerrado, e 25% da agropecuária”, destacou Nobre. O cientista ressalta que a destruição de florestas libera grandes quantidades de gás carbônico (CO2) na atmosfera, intensificando o aquecimento global.
Assim, esse aquecimento do planeta resulta em períodos cada vez mais secos e chuvas mais intensas em todas as regiões do planeta.
Superaquecimento do planeta
Além disso, Nobre enfatizou que a temperatura do planeta pode ultrapassar o limite de 1,5ºC mais rapidamente do que o previsto. “Recentes estudos indicam que já estamos perto desse limiar, e se não reduzirmos drasticamente as emissões, corremos o risco de enfrentar impactos irreversíveis“, afirmou.
O cientista também destacou que a exploração de combustíveis fósseis agrava ainda mais a crise climática. “Cerca de 75% das emissões globais vêm da queima de petróleo, carvão e gás natural. Se continuarmos explorando novas reservas, não conseguiremos conter o aumento da temperatura“, alertou.
Antes de tudo, os efeitos das mudanças climáticas já são visíveis. Em 2023 e no início de 2024, o mundo registrou recordes de temperatura, com impactos como secas extremas, chuvas intensas e ondas de calor mais frequentes.
No Brasil, a agricultura já sente os efeitos dessas mudanças, com perdas de safra e impactos na economia, o que resulta em menor produção e eleva os preços dos alimentos.
Agora, para evitar um colapso ambiental, Nobre defende a restauração de biomas e a transição para energias renováveis. “O Brasil tem um potencial gigantesco para restaurar florestas e investir em energia limpa. Precisamos acelerar esse processo para garantir um futuro sustentável“, concluiu.
Outro ponto destacado pelo cientista foi a necessidade de zerar as emissões antes de 2050, como previsto pelo Acordo de Paris. “Se zerarmos apenas em 2050, chegaremos a um aquecimento de 2,5ºC, o que é um suicídio ecológico. O presidente Lula trouxe esse desafio de zerar as emissões até 2040, e isso é correto. Precisamos reduzir drasticamente as emissões e aumentar a remoção de CO2 da atmosfera com grande restauração dos biomas“, explicou Nobre.
Confira a entrevista no Jornal Novabrasil:



